“Zé Pedro Rock ‘n’ Roll”

Grande amigo do desaparecido guitarrista dos Xutos & Pontapés e carismática e despretensiosa figura central do rock português, não só por esta banda mas também como empresário no Johnny Guitar, radialista e inspirador de outros músicos mais novos, Diogo Varela Silva teve livre acesso a fotos, imagens, documentos, membros da família, músicos e a vários outros amigos íntimos de Zé Pedro, para assinar este bem arrumado e bastante completo documentário biográfico, dobrado de homenagem emocionada ao nosso “‘rocker’ mais porreiro”. “Zé Pedro Rock ‘n’ Roll'”, que ganhou o Prémio do Público no último DocLisboa, é ainda a evocação de uma época artesanal, agitada e heróica da história do rock português, bem como de uma Lisboa noturna e tribal, musical e socialmente hiperativa e excessiva em copos e drogas, hoje completamente extinta.

“A Flor da Felicidade”

A austríaca Jessica Hausner foi a Inglaterra rodar esta fita de ficção científica (FC) em que uma botânica e mãe divorciada, Alice (Emily Beecham, Prémio de Interpretação Feminina no Festival de Cannes), cria em laboratório uma nova espécie de flor sem a capacidade de se reproduzir e que espalha a felicidade onde é instalada. Só que a natureza não gosta de ser contrariada e Alice descobre que a flor, batizada Little Joe em homenagem ao filho adolescente, tem efeitos secundários inesperados. Filmado num tom desprendido e clínico, “A Flor da Felicidade” trata um velho tema da FC, a “invasão secreta para submeter a humanidade” (que neste caso não é levada a cabo por extraterrestres mas sim por plantas), mas a história apresenta inverosimilhanças impossíveis de ignorar e teria beneficiado em ser menos “arty” e ter mais tensão e emoção.

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“Capone”

Tom Hardy personifica o lendário Al Capone neste filme realizado por Josh Trank, que também assina o argumento. “Capone” passa-se durante os últimos tempos da vida do “gangster” que aterrorizou Chicago, quando este, depois de ser libertado, sofria de paresia, uma forma de demência causada pela sífilis e vivia desde 1940 com a família e os guarda-costas numa mansão numa ilha na Florida, rodeada de agentes do FBI que o vigiavam e ouviam com escutas 24 horas sobre 24. É um retrato da ruína física e mental do outrora temido, poderoso e rico senhor do crime, cuja voz está reduzida a um rouquejo obscenamente gutural, já não consegue controlar certas funções fisiológicas e é assaltado por memórias e fantasmas do passado. “Capone” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.