Ainda houve dezenas e dezenas de resistentes à espera na saída do Estádio Cidade de Coimbra para uma última saudação aos vencedores da dobradinha mas as centenas que faziam a festa concentrados no Dragão acabaram por dispersar sem ver os jogadores, que fizeram um desvio ainda na cidade dos estudantes para celebrarem de forma mais reservada a conquista de mais um título que, pelas palavras dos próprios, teve festa até à tarde. Este domingo, antes das férias, houve nova concentração de todos no Estádio. Fez-se a habitual fotografia da praxe com todos os jogadores, treinadores e restante staff com Pinto da Costa ao centro, houve um espaço para que todos tirassem imagens com os troféus do Campeonato e da Taça de Portugal, seguiu-se para o Museu.

A oitava dobradinha, a primeira em nove anos, cinco vitórias em cinco Clássicos 48 anos depois — e Casillas a levantar a Taça

Danilo e Pepe, os capitães, levaram os títulos conquistados mas já existia antes um espaço criado apenas para a mais recente conquista, da gravata de Pinto da Costa ao carrinho das águas autografado por Sérgio Conceição, da braçadeira de Danilo à camisola de Pepe, das botas de Alex Telles à máscara de Sérgio Oliveira, chegando até à cadeira de Jacinto, sócio número 17 dos azuis e brancos e que tem lugar cativo há mais tempo no clube. Depois, mas antes do momento em que todos escreveram uma dedicatória no Livro de Honra do Museu dos portistas, tomou a palavra Pinto da Costa, que elogiou todo o grupo particularizando na figura do treinador dos dragões.

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“Queridos campeões, este nome não é para qualquer um, para o ser é preciso merecer e para merecer é preciso ter as qualidades físicas, morais e intelectuais que todos vocês revelaram desde a primeira hora. Foi um percurso longo e difícil, com muitas cascas de banana espalhadas para nos fazer cair. A tudo soubemos reagir, ultrapassar e por isso é neste momento um motivo de felicidade para todos, e para mim em especial, porque tenho a felicidade de ter comigo a trabalhar em prol do FC Porto quem eu quero e não alguém porque foi preciso vir na vez de quem eu queria”, começou por dizer o presidente portista, com jogadores e técnicos sentados a ouvir.

Estão aqui os que queria que estivessem. Tenho por todos o mesmo apreço mas ao longo dos anos vamos cimentando amizades que perduram para a vida independentemente do local onde se venha a estar. Tenho pelo Sérgio Conceição um amor fraterno, de irmão mais velho que o viu chegar aqui com 16 anos, que acompanhou a sua carreira, vida, escada acima sem ajuda e apenas pela sua vontade.”

“Todos compreenderão que fale dele. Vê-lo entre as duas taças é como se estivesse a ver um filho, um neto. O meu irmão mais novo. Infelizmente já não tenho o meu irmão mais novo mas tenho aqui um irmão para sempre”, descreveu. “Falo de muitos dos muitos títulos que já ganhámos comigo a presidente, para mim todos foram importantes, mesmo quando outros eram presidentes do FC Porto. Como presidente este foi o título que mais alegria me deu, pela dificuldade que teve, pela situação caótica do país, pela vontade de televisões e jornais que não queriam que nós ganhássemos. O sentimento que transmito a todos é ‘obrigado’. Vocês estão na história do FC Porto”, completou, antes de uma salva de palmas que terminou a cerimónia antes das férias.

À margem da cerimónia, e em declarações ao Porto Canal, o presidente dos azuis e brancos, que tem desde 1982 tantos títulos nacionais do que Benfica e Sporting juntos (juntando ainda mais sete troféus internacionais que os rivais não conseguiram nesse lapso de tempo), falou numa espécie de “sentimento de salvação nacional para o Benfica ganhar alguma coisa” mas realçou com os encarnados foram dignos vencidos. “No fim essa equipa que era grande não ganhou nada. O Benfica perdeu mas soube perder com dignidade, os derrotados são esses falsos moralistas e independentes que esgotaram o Rennie nas farmácias”, referiu, antes de voltar a abordar a falta de público nos estádios que condiciona a situação financeira dos clubes, falando do exemplo do Desp. Aves.

Pinto da Costa chegou e FC Porto ganhou mais títulos do que Benfica e Sporting juntos nos últimos 38 anos