Diplomatas chineses e australianos envolveram-se numa discussão no Twitter sobre as movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, após Camberra ter apoiado a posição dos Estados Unidos sobre as reivindicações territoriais chinesas.
A Austrália requisitou recentemente um memorando nas Nações Unidas que aponte que as reivindicações “não têm base legal”, envolvendo-se assim numa controvérsia que atraiu reações fortes de Pequim.
O alto comissário australiano nas Nações Unidas Barry O’Farrell escreveu, na quinta-feira, na rede social Twitter, que disse ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia que as medidas da China são “desestabilizadoras e suscetíveis de provocar uma escalada”.
Em resposta, o embaixador chinês Sun Weidong acusou O’Farrell de “desconsiderar os factos”.
“É evidente quem salvaguarda a paz e a estabilidade e quem desestabiliza e provoca escaladas na região”, acusou.
O’Farrell reagiu ao apontar que a China devia seguir uma decisão do tribunal internacional de Haia, que remonta a 2016, e que rejeitou a maioria das reivindicações de Pequim. A China denunciou a decisão como “ilegal” e não vinculativa.
Thank you @China_Amb_India. I would hope then you follow the 2016 South China Sea Arbitral Award which is final and binding under international law, and also generally refrain from actions that unilaterally alter the status quo. https://t.co/1w2nrcrxhr
— Barry O’Farrell AO (@AusHCIndia) July 31, 2020
Os comentários de O’Farrell atraíram elogios dos internautas da Índia, onde o público e os políticos têm apelado a uma linha mais dura nas relações com a China, após um confronto sangrento ao longo da fronteira disputada entre os dois países.
A China disse esta segunda-feira que bombardeiros de longo alcance estiveram entre as aeronaves que participaram de exercícios aéreos recentes sobre o Mar do Sul da China, face às crescentes tensões entre Washington e Pequim em torno daquela rota marítima estratégica. Os exercícios incluíram partidas e aterragens noturnas e simularam ataques de longo alcance, disse o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Ren Guoqiang.
Entre os aviões constaram os bombardeiros H-6G e H-6K, versões atualizadas de aeronaves há muito usadas nas forças armadas da China, disse Ren. Os exercícios foram agendados anteriormente e visam aumentar as habilidades dos pilotos para operar sob todas as condições, independentemente do clima ou da hora do dia. Ren não detalhou se foram usadas bombas reais.
A China construiu pistas de aterragem em muitas das ilhas no Mar do Sul da China, incluindo ilhas artificiais sobre recifes de coral. Os navios chineses, incluindo dois porta-aviões do país, realizam operações frequentes na área, às vezes para monitorizar e, ocasionalmente, assediar navios de outros países.
Pequim reivindica como sua a maioria do Mar do Sul da China, apesar dos protestos do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei. Este mar estratégico, por onde transitam anualmente cerca de 5.000 mil milhões de dólares (mais de 4 mil milhões de euros) de mercadorias, tem vastas reservas de gás e petróleo.
As tensões recorrentes entre países com fronteiras com o mar do sul da China são consideradas como uma fonte potencial de conflito na Ásia.