Cerca de 30 trabalhadores de um centro comunitário em Portalegre vão para o desemprego no final deste mês, na sequência da insolvência da instituição, lamentou esta terça-feira a associação de pais e amigos daquele estabelecimento.

O Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu é uma instituição particular de solidariedade social, criada pela paróquia de São Lourenço e possui duas extensões naquela cidade alentejana, com as valências de creche, pré-escolar e atividades de tempos livres, com cerca de 80 crianças.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação de Pais e Amigos do Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu (APASBart), Ana Salomé de Jesus, considera que esta situação foi provocada por “desleixo”, pela forma como foi gerida aquela instituição ao longo dos últimos tempos.

A direção deveria ter estado mais presente e nunca esteve”, lamentou.

Numa carta enviada aos encarregados de educação, a que a Lusa teve acesso, a administração do Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu explica que nos “últimos tempos” a instituição tem apresentado “grande fragilidade” económica, tendo recorrido ao Processo Especial de Revitalização (PER), que foi aprovado, mas “impugnado” pela entidade bancária credora.

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Não obstante esta situação, a atual pandemia veio diminuir muito as receitas, tendo-se verificado uma redução superior a 50% no número de crianças, facto que coloca em causa o pagamento das despesas correntes e, consequentemente, o futuro da instituição”, lê-se na carta.

No documento, o Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu sublinha ainda que é com “grande tristeza” e “enorme pesar” que comunica aos encarregados de educação que a instituição não reúne condições para continuar a sua atividade no próximo ano letivo e que deixará de prestar os serviços às crianças, famílias e comunidade a partir do dia 31 deste mês.

A presidente da APASBart considera por sua vez que a pandemia de Covid-19 é “uma desculpa” que a administração da instituição apresentou, relembrando que outras instituições da cidade estão em funcionamento.

A instituição entrou em layoff, também recebeu do layoff, as crianças que se mantiveram continuaram a pagar as mensalidades, a Segurança Social não cortou as comparticipações, portanto, não pode ser só por aí. Se não houvesse todo esse passado de complicação económica não seria pela Covid-19 que se ia fechar uma casa destas”, defendeu.

Na sequência desta situação, a Câmara de Portalegre publicou uma nota na sua página na rede social Facebook, comunicando que estão abertas as inscrições para frequentar a educação pré-escolar na rede pública.

Para formalizar as matrículas, os encarregados de educação devem contactar os agrupamentos de escolas do Bonfim e José Régio com a maior brevidade possível, dado que se trata da abertura de um período excecional de inscrições”, lê-se na nota.

A Lusa contactou o pároco João Maria, da administração do Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu, para obter mais esclarecimentos sobre este caso, mas o responsável escusou-se a prestar declarações.