Seis golos, quatro assistências. Na edição da Liga Europa que vai terminar mais de um ano depois de ter começado, ninguém esteve envolvido em mais golos do que Bruno Fernandes. Entre Sporting, até ao final de janeiro, e Manchester United, em fevereiro e março, o médio português foi o jogador mais influente da prova e uma das principais razões pelas quais os red devils são atualmente um dos candidatos à vitória final. Esta quarta-feira, Bruno Fernandes reencontrava-se com a Liga Europa — mas apenas a partir do banco de suplentes.

Cinco meses depois do último dia europeu, a 12 de março, o Manchester United recebia o LASK em Old Trafford numa posição mais do que confortável. Há cinco meses, na Áustria, Bruno Fernandes e companhia golearam por 0-5 e cavaram uma vantagem que os colocava, logo à partida, com pé e meio na final eight da Liga Europa. E por isso mesmo, e porque os próximos jogos terão um nível de dificuldade teoricamente superior e poucos dias de intervalo, Solskjaer optava por fazer descansar grande parte dos titulares. De Gea, Wan-Bissaka, Lindelof, Luke Shaw, Matic, Pogba, Bruno Fernandes, Greenwood, Rashford e Martial estavam todos no banco, enquanto que Sergio Romero, Fosu-Mensah, Bailly, Brandon Williams, McTominay, Fred, Juan Mata, Daniel James, Lingard e Ighalo começavam de início.

E em dia de estreia do novo equipamento, que será a indumentária oficial da equipa para a próxima temporada, as principais notícias no universo do Manchester United estavam reservadas para o mercado de transferências. Brandon Williams, titular esta quarta-feira na esquerda da defesa, renovou contrato até 2024, enquanto que Angel Gomes, jovem médio que é filho do antigo internacional Sub-21 português Gil Gomes, foi a surpresa do dia ao deixar Inglaterra para reforçar o Boavista.

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E depois, claro, a novela de verão. O vai não vai da eventual transferência de Jadon Sancho do Borussia Dortmund para o Manchester United tem feito manchetes em Inglaterra e não deixa de ser um dos grandes destaques do atual mercado, já que o jovem médio é um dos nomes mais apetecíveis do futebol europeu. E depois de dias em que tudo parecia encaminhado, com várias notícias a dar conta de que os termos pessoais entre United e Sancho estavam acordados, as negociações entre os dois clubes terão entrado numa fase menos favorável — muito graças às exigências financeiras dos alemães, que não admitem vender o jogador por menos de 119 milhões de euros. O valor que faria do médio de 20 anos o reforço mais caro da história da Premier League e que está a deixar a cúpula dos red devils à beira da desistência.

Numa primeira parte que terminou sem golos, o LASK — que estreava o novo treinador, Dominik Thalhammer, que assumiu a equipa em julho — acertou na trave e esteve sempre mais perto da baliza de Romero, assumindo as despesas da partida e a necessidade de ir à procura de uma missão praticamente impossível. O Manchester United, a atuar com uma equipa totalmente alternativa, mostrava muitas dificuldades na transição ofensiva e perdia muitas bolas ainda no próprio meio-campo, deixando Lingard, James, Mata e Ighalo sempre muito isolados na frente de ataque. Ao fim de 45 minutos de pouco e fraco futebol, o United tinha a eliminatória totalmente controlada e parecia não ter muita vontade de ir à procura de mais, enquanto que o LASK, sem estar conformado, não tinha os argumentos suficientes para colocar coisa alguma em causa.

A segunda parte começou sem alterações mas algo mudou logo à partida: a primeira oportunidade pertenceu ao Manchester United. Ighalo, na grande área, rematou já em esforço depois de um bom movimento ofensivo coletivo mas permitiu a defesa do guarda-redes do LASK (49′). Os austríacos estavam alguns furos abaixo daquilo que tinham mostrado no primeiro tempo mas acabaram por conseguir chegar ao golo por intermédio de um grande remate de Wiesinger (55′), que atirou em arco de fora de área na sequência de um canto. O United, porém, pouco ou nada demorou a chegar ao empate, eliminando desde logo qualquer laivo de esperança que pudesse surgir na equipa adversária — Lingard recebeu de Juan Mata, avançou tombado na esquerda e atirou à saída do guarda-redes (57′).

Depois do empate, Solskjaer lançou Pogba e Andreas Pereira e o LASK não desistiu desde logo, mantendo-se subido no terreno e à procura dos espaços mais próximos da baliza de Romero. O avançar dos minutos, porém, trouxe ao de cima a diferença física e qualitativa entre as duas equipas, com os ingleses a assumirem o progressivo controlo do meio-campo face ao visível cansaço e conformismo dos austríacos. Os últimos minutos trouxeram as entradas dos jovens Tahith Chong e Teden Mengi no Manchester United, sendo que este último fez a estreia pela equipa principal dos red devils, e Martial também ainda foi a tempo de ser lançado no lugar de Daniel James. Já com tudo decidido, o avançado francês acabou por garantir a vitória dos ingleses no jogo, ao marcar depois de uma assistência de Mata (88′).

O Manchester United venceu novamente o LASK, fechou a eliminatória nuns expressivos 7-1 e carimbou definitivamente o passaporte para a final eight da Liga Europa, onde vai encontrar o Copenhaga do português Zeca, que esta quarta-feira eliminou o Basaksehir. Bruno Fernandes não jogou e foi claramente poupado para a próxima fase, onde os ingleses continuam a ser uns dos claros candidatos à conquista final do troféu — num final de temporada que seria o verdadeiro conto de fadas, mesmo com a novela de verão já garantida.