Aritana Yawalapiti, líder da reserva indígena do Alto Xingu, morreu esta quarta-feira aos 71 anos vítima da Covid-19. O cacique brasileiro sucumbiu à doença provocada pelo novo coronavírus no Hospital São Francisco em Goiânia, onde estava internado desde o final de julho.

De acordo com o G1, Aritana Yawalapiti manifestou os primeiros sintomas de infeção pelo SARS-CoV-2 em meados de julho. Foi internado numa unidade de cuidados intensivos em Canarana no fim de semana de 18 e 19 de julho, mas poucos dias depois foi levado para Goiânia.

O líder indígena — que pertencia aos grupos de risco, não só pela idade mas também por ser hipertenso — precisou de ser ventilado para apoiar a respiração, mas o estado de saúde deteriorou-se rapidamente. A 29 de julho, Aritana Yawalapiti entrou num quadro clínico muito reservado. Veio a morrer uma semana depois por falência pulmonar.

Tudo indica que o cacique brasileiro terá sido infetado no princípio de julho, precisamente quando Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, vetou uma lei que implementaria o Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios indígenas. Essa lei permitiria que essas comunidades tivessem acesso facilitado a água potável, materiais de higiene, materiais médicos, ventiladores mecânicos e folhetos informativos.

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Em maio, uma série de artistas assinaram um manifesto que pretendia chamar a atenção de Bolsonaro para a vulnerabilidade dos povos indígenas perante a ameaça da Covid-19. “É de conhecimento que o coronavírus pode exterminar grande parcela dessa população. É um genocídio, uma morte anunciada. E se as autoridades não tomarem uma posição, o Brasil passará a ser o responsável pela tragédia”, diz o documento criado pelo fotógrafo Sebastião Salgado.

Aritana Yawalapiti era líder do Alto Xingu desde os 19 anos e ficou conhecido pelas batalhas que travou pela defesa dos povos indígenas e pela preservação dos territórios. A história desta comunidade inspirou uma telenovela brasileira em 1978, em que Aritana Yawalapiti era representado por Carlos Alberto Riccelli. Agora será substituído pelo filho, Tapi Yawalapiti.

Segundo a Folha de São Paulo, o cacique de 71 anos é a quarta morte por Covid-19 na aldeia de Yawalapiti, entre eles um irmão e uma sobrinha de Aritana. Em todo o estado de Mato Grosso, foram já 91 os indígenas que morreram após uma infeção pelo novo coronavírus, contabilizou a Coordenação dos Povos Indígenas da Amazónia Brasileira.