O BE/Açores solicitou às autoridades uma inspeção ao funcionamento da ETAR da conserveira Cofaco, em Rabo de Peixe, em São Miguel, anunciou esta sexta-feira o partido, denunciando mais uma alegada descarga da fábrica para o mar sem tratamento prévio.

A informação foi avançada pelo coordenador do Bloco na região, António Lima, junto à zona da fábrica da Cofaco em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, onde alegadamente há poucos dias ocorreu mais uma descarga da fábrica para o mar “que provocou uma enorme mancha amarela”.

Aquilo que assistimos é um cenário de uma enorme mancha amarela no mar, igual aquela que muitas vezes temos visto ao longo dos anos e que também originou em 2018 uma situação de encalhe de resíduos orgânicos na Praia de Santa Bárbara (na Ribeira Grande) e que poluiu totalmente o areal”, alertou António Lima.

O coordenador do BE nos Açores disse que “perante este cenário” o partido dirigiu, “esta semana, uma denuncia à Inspeção Regional do Ambiente, esperando que daí venham esclarecimentos” e que “haja uma atividade inspetiva, não apenas na zona de onde saem as águas residuais, mas principalmente no interior da fábrica, porque é lá que está o problema da ETAR de resíduos industriais que não funciona”.

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Soubemos em janeiro de 2019, através de requerimento ao Governo Regional, que a ETAR ainda não funcionava corretamente. O cenário com que nos deparamos hoje é exatamente o cenário de 2016. A ETAR aparenta não estar a funcionar da forma correta”, sustentou.

António Lima adiantou ainda que “uma vez que estão também em causa dinheiros públicos, investimento de todos nós e fundos comunitários”, o BE vai “dirigir uma pergunta à Comissão Europeia”, através do seu deputado no Parlamento Europeu, José Gusmão.

De acordo com o coordenador do BE/Açores, o próprio eurodeputado pelo BE “presenciou este triste cenário” das alegadas descargas da conserveira para o mar.

E não é aceitável de maneira nenhuma que numa região que se diz de natureza intacta uma situação destas continue, pelo menos desde 2016, a acontecer recorrentemente nas barbas das autoridades”, frisou António Lima, sublinhando estar em causa “não só o meio ambiente, mas também a saúde pública se a situação não for resolvida rapidamente”, já que “a poucos metros há uma zona residencial” e o porto de pescas de Rabo de Peixe.

De acordo com o coordenador do Bloco nos Açores, a população que reside na zona da conserveira na vila de Rabo de Peixe convive diariamente com “cheiros nauseabundos há anos”, sem que “nada se resolva” e “arrastando-se” este problema.

Esta situação é mais do que conhecida desde 2016. A própria Inspeção Regional do Ambiente já, em relatórios a que tivemos acesso, através do parlamento, assumiu que a ETAR não tem licença para o funcionamento, porque lhe foi retirada pelo mau funcionamento. Mas, curiosamente, não foi dada pela Direção Regional um prazo para a retificação e melhoria das condições de funcionamento desta ETAR”, reforçou, garantindo que o Bloco “não se vai calar até que esta situação fique totalmente resolvida”.