A mulher do Presidente brasileiro terá recebido transferências no valor de 72 mil reais (11,2 mil euros) de um ex-assessor e amigo da família, Fabrício Queiroz, investigado num caso sobre desvio de dinheiro, segundo a revista Crusoé.

A revista brasileira pubicou esta sexta-feira dados obtidos com a quebra do sigilo bancário de Queiroz, um ex-polícia militar que trabalhou como assessor de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo a Crusoé, os extratos bancários obtidos por investigadores que investigam um esquema de desvios na Alerj contrariam a versão apresentada pelo Presidente brasileiro para explicar depósitos na conta da primeira-dama feitos por Queiroz.

Ao ser questionado sobre este assunto logo após vencer as presidenciais, em dezembro de 2018, Bolsonaro afirmou que Queiroz entregou a Michelle Bolsonaro dez cheques de 4 mil reais (cerca de 625 euros na cotação desta sexta-feira) para pagar uma dívida de 40 mil reais (6,2 mil euros) que tinha com ele.

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Esta explicação aconteceu depois de o antigo Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de órgão de controlo financeiro atualmente ligado ao Banco Central do país, ter indicado transações suspeitas no valor de 24 mil reais (3,7 mil euros) realizadas por Queiroz para uma conta bancária da primeira-dama.

De acordo com a Crusoé, 21 cheques de Queiroz foram depositados na conta de Michelle Bolsonaro e, juntos, somaram repasses de 72 mil reais.

O montante está acima do valor inicialmente detetado pelas autoridades de controlo financeiro e também supera o alegado empréstimo mencionado pelo Presidente brasileiro para justificar as transações.

Queiroz e Flávio Bolsonaro são suspeitos de operar um esquema de desvio de dinheiro público através da apropriação de parte do salário de ex-assessores parlamentares na Alerj, prática ilícita conhecida pelo termo ‘rachadinha’.

Queiroz foi preso em 18 de junho num imóvel na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, do advogado Frederick Wasseff, que trabalhava para a família Bolsonaro.

O ex-assessor foi detido porque os procuradores encontraram indícios de que o acusado continuava cometendo crimes e tentava apagar rastros e falar com testemunhas nesta investigação sobre a rachadinha.

Queiroz foi apontado como braço direito de Flávio Bolsonaro e o responsável por arrecadar o dinheiro alegadamente desviado junto aos funcionários do filho do Presidente brasileiro no gabinete na Alerj.

As movimentações de dinheiro acima dos rendimentos do ex-assessor chamaram atenção também porque aconteciam através de depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento do salário dos funcionários da Alerj.

Nesta investigação, Flávio Bolsonaro é suspeito de praticar os crimes de peculato, branqueamento de capitais e organização criminosa, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.

Os investigadores já disseram acreditar que o filho do Presidente brasileiro comandava um esquema criminoso em seu gabinete que fazia o branqueado dinheiro arrecadado de funcionários dele na Alerj através de uma loja de chocolates no Rio de Janeiro da qual é sócio. ele també mterá, segundo suspeitam os ivnestigadores, usado imóveis para branquear parte deste dinheiro.

Flávio Bolsonaro nega todas as acusações.

Até o momento não há informações de que a primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, seja investigada neste caso.