Em 2016, Rita Dixo e Filipa Alves abriram aquela que é considerada uma das lojas mais bonitas da baixa portuense, a começar pela porta pintada com folhas, flores e animais. A Coração Alecrim privilegia tudo é que local, feito à mão e sustentável, da roupa aos acessórios, passando pela decoração e produtos vintage, que fazem lembrar outros tempos.

O pátio situado nas traseiras da loja, com paredes em pedra e carregado de vasos com plantas, já teve uma banheira com peixes a nadar e recebeu vários projetos ligados à restauração, mas nenhum vingou. No início deste ano, numa conversa com o chef Pedro Limão, um novo conceito surgiu. “Pensámos em fazer algo para o público mais turístico baseado em vinhos naturais portugueses, italianos, franceses e espanhóis, combinando-os com alguns petiscos. Ia chamar-se ‘Wine Not?’”, explica o chef em entrevista ao Observador.

A imagem do novo restaurante

A pandemia mundial provocada pelo novo coronavírus fez mudar todos os planos e obrigou a transformar a ideia para algo capaz de agradar o cliente local. “Decidimos fazer um menu virado para a comida doméstica para partilhar, enraizada em coisas simples, saborosas, toscas e tradicionais, nada sofisticada ou elaborada.”

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Moelas com patas de galinhas, guisado de costela de porco preto ou rissóis de massa de choco recheados com creme de berbigão e maionese cítrica são alguns petiscos disponíveis a qualquer hora do dia. Nos pratos principais, o chef, natural de Viana do Castelo e radicado no Porto, fará uma espécie de best of, apresentando algumas das suas receitas mais clássicas como o tártaro de atum com tremoço, carne maturada assada num pequeno barbecue com foie gras e cebolete ou o peixe do dia com tapioca. “A ideia é ir variando a oferta consoante a sazonalidade do produto e a minha própria inspiração.”

As sobremesas no Metade e Meia terão um toque salgado, como a bolacha feita com massa de tarte tartin e presunto de pata negra, o pudim de vinho do Porto ou o típico Romeu e Julieta, mas com um queijo de tomate. Para quem não dispensa fechar uma refeição com fruta, conte com uma sopa bem original feita exclusivamente com frutas começada por M, como melancia, melão, meloa, mirtilo e morango. Para regar a refeição, pode escolher uma das oito referências de vinho português, a maioria naturais e feitos à moda antiga, sem químicos ou filtragens.

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O espaço vai manter-se intacto, por isso não admire se vir uma banheira antiga, socas do campo e uma mangueira enrolada enquanto come. Haverá uma mesa comunitária “à prova da Covid-19” no interior com 12 lugares, e no exterior vão caber mais 12 pessoas. A cozinha, “mais caseira do que industrial”, combina com cada prato e será completamente aberta para que veja todo os processos de confeção a olho nu.

“É um projeto a meias com a loja e atualmente está tudo a funcionar a meio gás, daí este nome”, explica o chef, que promete canalizar todas as suas energias neste novo restaurante, “mais pequeno, acolher e familiar”. “Nesta altura já devíamos estar em recuperação e não estamos. Vai ser um drama gigantesco”, lamenta.

Nos últimos dois meses, Pedro Limão viu o seu restaurante homónimo, junto ao jardim de S. Lázaro, vazio de turistas, o que o obrigou a reduzir os preços para metade e a simplificar a carta. “O restaurante corre sério perigos de vida, estamos a ponderar um conjunto de coisas.” O projeto de alojamento que tinha planeado ficou na gaveta e a incerteza em relação ao que vai acontecer até ao fim do ano é muita. “Estou um pouco cético em relação a tudo, ninguém sabe o futuro.”

A cozinha de Pedro Limão ficou mais simples e vai casar com o alojamento

O Metade e Meia começa a funcionar este sábado em soft opening, abrindo apenas durante os próximos sábados do mês de agosto. Quinzenalmente terá a oportunidade de degustar um menu de degustação especial excecionalmente à noite.

Travessa de Cedofeita, 28. Porto. Terça a sábado, das 12h às 18h. 966 454 500.