O precedente estava aberto. Este sábado, depois da eliminação nos oitavos de final da Liga dos Campeões, Maurizio Sarri foi despedido do comando técnico da Juventus e desde logo substituído por Andrea Pirlo. Em Camp Nou, na antecâmara da receção ao Nápoles, existia a ideia de algo semelhante poderia acontecer com o Barcelona e com Quique Setién. O treinador, porém, garantia que nem sequer tinha colocado essa possibilidade.
“Não me passou pela cabeça em nenhum momento que este seja o meu último jogo. Preparamo-nos para este jogo a pensar que vamos continuar. A equipa está bem definida desde há algumas semanas. A posição de alguns jogadores pode variar, mas a equipa eu já decidi. Pensámos em tudo, avaliando qual era a melhor opção para encarar este jogo, e escolhemos uma alternativa, que não significa que não possa ser alterada a qualquer momento”, explicou Setién na antevisão da receção ao Nápoles. E esta era uma segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, disputada cinco meses depois da primeira, que começou desde logo envolvida em alguma polémica.
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Arthur, médio brasileiro que já foi confirmado como reforço da Juventus para a próxima temporada, em rota contrária à de Pjanic, comunicou ao Barcelona que não iria juntar-se aos trabalhos da equipa depois da semana de férias concedida por Setién logo após o final do Campeonato. O objetivo de Arthur era simples: não voltar a representar os catalães e ter mais algumas semanas de férias antes de rumar a Turim e à Juventus, sem chegar a disputar a ainda pendente Liga dos Campeões. De forma natural, a relação entre o brasileiro e a cúpula blaugrana deteriorou-se — até esta sexta-feira, altura em que Arthur comunicou ao clube que iria regressar a Barcelona para rescindir contrato. Os catalães aceitaram e explicaram ao jogador que, para isso mesmo, teria de testar negativo para a Covid-19. O brasileiro foi testado e este sábado, pouco antes do início do jogo entre o Barcelona e o Nápoles, tentou entrar em Camp Nou para assistir à partida, acabando por ser barrado e afastado pelos responsáveis do clube.
De Itália e do longínquo mês de março vinha um empate a uma bola, com golos divididos entre Mertens e Griezmann. O que significava que, em Camp Nou, o Nápoles tinha mais do que abertura para tentar uma surpresa e explorar a possibilidade de fazer parte da final eight de Lisboa. Depois de uma retoma em que conquistou a Taça de Itália mas não conseguiu melhor do que um sétimo lugar na Serie A, a equipa de Gattuso tinha no trio ofensivo Insigne, Mertens e Callejón o principal ativo, enquanto que Mário Rui era titular na esquerda da defesa — enquanto que Nélson Semedo estava no onze inicial do Barcelona.
O Nápoles começou melhor e acertou no poste logo nos primeiros instantes, por intermédio de um remate de Mertens (2′). O ascendente italiano, contudo, foi desde logo anulado pelo golo do Barcelona — que não deixou de aparecer ligeiramente contra aquela que estava a ser a tendência da partida. Canto batido na esquerda e Lenglet, já perto do segundo poste, cabeceou para abrir o marcador (10′). O golo catalão acabou por inverter a dinâmica do jogo e tirou velocidade e intensidade ao Nápoles, com Messi a chegar naturalmente ao segundo depois de um lance individual em que tirou três adversários da frente entre fintas e ressaltos antes de rematar de pé esquerdo (23′). O argentino ainda voltou a marcar mas o golo foi anulado por mão na bola (30′) e os descontos da primeira parte acabaram por albergar duas grandes penalidades convertidas: Suárez aumentou a vantagem do Barcelona depois de uma falta sobre Messi (45′) e do outro lado, mesmo à beira do intervalo, Insigne marcou na sequência de um penálti cometido por Rakitic sobre Mertens (45+4′).
No início da segunda parte, Gattuso trocou Demme por Lobotka e o Nápoles voltou melhor, com os mesmos movimentos rápidos e entrosados que surpreenderam o Barcelona nos primeiros instantes. Mertens protagonizou uma boa oportunidade, num lance em que Insigne ainda tentou emendar de cabeça mas Ter Stegen recolheu (54′) e, do outro lado, o Barcelona desistia por completo de avançar e parecia entrar progressivamente em modo gestão — algo que já se comprovou prejudicial para os catalães noutras ocasiões, já que a equipa tem tendência para adormecer e cometer erros evitáveis. Gattuso lançou Lozano e Politano e o primeiro cabeceou por cima na primeira intervenção que teve na partida (71′), Milik marcou logo depois de entrar mas o golo foi anulado por fora de jogo (81′) e Setién ainda teve tempo para tirar Griezmann, que saiu de campo claramente cabisbaixo e ciente da fraca exibição que apresentou.
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No final, o Barcelona conseguiu segurar os dois golos de vantagem, apesar da insistência italiana nos últimos instantes, e garantiu a presença na final eight da Liga dos Campeões, onde vai encontrar o Bayern Munique. Depois de um empate volátil registado há cinco meses, os catalães acabaram por conseguir anular a esperança do Nápoles com um golo contra-corrente de Lenglet seguido da sempre óbvia influência de Messi. E Setién, pelo menos para já, vai continuar à frente da equipa — uma equipa que, com a pouca velocidade e a fragilidade defensiva apresentadas este sábado em Camp Nou, terá muitas dificuldades para ultrapassar um Bayern que é nesta altura o grande candidato à vitória final.