O secretário regional do Turismo da Madeira, Eduardo Jesus, lamentou esta segunda-feira que o Governo da República não tenha prolongado o regime de layoff simplificado para o setor turístico, ramo que considera ter sofrido quebras elevadas de faturação.

Foi uma pena muito grande o regime do layoff simplificado não se ter mantido pelo Governo da República por mais tempo, principalmente para o setor do turismo, que sofreu uma grande paragem e tem quebras de atividade muitíssimo acentuadas”, disse Eduardo Jesus, à margem da cerimónia de retoma da atividade dos “Carreiros do Monte”.

O secretário regional lembrou que as novas opções que se colocam aos empresários turísticos “têm a ver com as quebras de faturação de 40 a 50% ou reduções do horário normal de trabalho, que estão em cima da mesa há poucos dias e que os empresários terão de optar”.

Após cinco meses de inatividade devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19, os carros de cesto conduzidos pelos “Carreiros do Monte” reiniciaram esta segunda-feira a sua atividade ao serviço do turismo da Madeira.

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“Estivemos cinco meses parados, não foi fácil suportar esta situação. Em julho, fizemos alguns grupos num total de 150 pessoas, menos 99% do que a situação anterior à pandemia”, disse à agência Lusa Manuel Figueira, da direção da empresa Carreiros do Monte.

“Agora temos de recomeçar e tentar minimizar o tempo perdido”, acrescentou, numa cerimónia que foi presidida pelo secretário regional do Turismo e Cultura do Governo Regional, de coligação PSD/CDS, Eduardo Jesus.

As empresas com quebra de faturação igual ou superior a 40% puderam, desde 6 de agosto, pedir à Segurança Social o novo apoio extraordinário à retoma progressiva da atividade, medida que sucede ao layoff simplificado. O apoio extraordinário destina-se a empresas privadas ou do setor social com quebras na faturação igual ou superior a 40%, que retomem a atividade e varia consoante a quebra de faturação.

Ao contrário do layoff simplificado, que terminou em julho para a grande maioria das empresas, o novo apoio não prevê a suspensão dos contratos de trabalho, mas apenas a redução dos horários de trabalho.

A atividade dos “carreiros [condutores dos carros de cestos] do Monte” remonta ao século XIX, quando eram utilizados como meio de transporte dos locais da freguesia do Monte até ao Funchal. Hoje é um dos principais cartazes e percursos turísticos da Madeira, entre o Monte e o Livramento, num percurso de dois quilómetros por estradas íngremes e sinuosas.

Segundo dados da empresa, os carros de cesto do Monte são feitos em vime e montados em dois “patins” de madeira. São tradicionalmente produzidos manualmente por artesãos qualificados e carpinteiros, especialistas na técnica de fabricação com vime desde meados de 1800, num método clássico, artesanal e “usando o melhor vime e madeira local para garantir um alto padrão de qualidade a cada carro”.

Os carros são empurrados por dois condutores chamados “carreiros”, vestidos de branco, usando os típicos “chapéus de palha” e calçando botas de borracha que têm, também, uma função complementar que é a de diminuir [pode chegar aos 38 quilómetros/hora] a velocidade ou travar o carro de cesto no seu percurso de dois quilómetros, já classificado como “um dos mais fantásticos trajetos do mundo”.

O arquipélago da Madeira, que não regista qualquer óbito relacionado com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), tinha, até domingo, 124 casos confirmados, dos quais 99 recuperados e 25 casos ativos, e 18.494 pessoas mantinham-se em vigilância, ativa e passiva.