Encaixado entre dois edifícios dos tempos de Georges-Eugène Haussmann, o urbanista do século XIX que chegou a chefiar o município de Sena, no bairro parisiense de Faubourg Saint-Germain, há uma mansão campestre com 600 metros quadrados, um jardim de 950 metros quadrados, vista para a antiga casa de  Yves Saint Laurent e nas vizinhanças da residência oficial do primeiro-ministro francês.

Já houve vida ali: François Coppée, poeta e novelista francês, morou naquele número 12 da Rue Oudinot no coração de Paris até ao início do século passado. Mas já está tudo ao abandono, vedado aos olhares mais curiosos por uma fachada de cor desmaiada e janelas vedadas com tijolos, há mais três décadas. Por isso, quando a mansão foi comprada num leilão por Jean-Bernard Lafont, um grande empresário da área industrial, a um corretor imobiliário holandês endividado por 35 milhões de euros, o negócio chegou aos jornais nacionais.

Acontece que, afinal, a mansão guardava ainda mais segredos do que os muros permitiam imaginar. Quando o novo proprietário começou as obras de restauro avaliadas em 10 milhões de euros, os trabalhadores depararam-se com um cenário digno de um filme de terror: um cadáver em avançado estado de decomposição que estaria há pelo menos 30 anos no sótão da casa, conta o Le Monde.

Os documentos encontrados naquela divisão, escondidos juntamente com o corpo por baixo de umas tralhas, permitiram descobrir quem era. O cadáver pertencia a Jean-Pierre Renaud, um homem com problemas de alcoolismo dado como morto há mais de três décadas. As circunstâncias da morte ainda não foram apuradas. Se Jean-Pierre Renaud morreu ali ou foi levado para lá após ter sucumbido, também não. Mas os filhos que deixou já foram informados dos acontecimentos.

Entretanto, enquanto a investigação policial assim o exigir, as obras na mansão estão suspensas e só devem recomeçar depois do verão. Mas com regras: o plano de preservação imposto em Paris proíbe os novos proprietário que demulam o edifício, modifiquem a fachada original, ampliem o espaço ou construam novas zonas. Jean-Bernard Lafont já fez saber que planeia seguir todas as regras. Mas não comenta a arrepiante descoberta no sótão da Rue Oudinot, número 12.

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