Para muitos, pode ser considerado quase um sacrilégio, mas a realidade é que aquele líquido cheio de gás produzido a partir da cevada – na maior parte dos casos, mas não exclusivamente –, que é usado para matar a sede e animar as noites durante o Verão, pode ser igualmente uma fonte de energia. São os australianos que o afirmam e já colocaram à prova a teoria, apesar de também eles serem fãs da cerveja como bebida refrescante.

A pandemia levou muitos restaurantes e bares a encerrar, enquanto outros reduziram consideravelmente o volume de vendas de bebidas. Isto provocou um excesso de cerveja fora de prazo, aparentemente o suficiente para fornecer a energia necessária para alimentar a central de tratamento de água de Glenelg, próximo de Adelaide.

A estratégia passa por juntar a cerveja velha ao esgoto da cidade, o que acelera a fermentação e, como isso, a produção de biogás. Este gás é depois utilizado para accionar os motores da central, que geram electricidade. Esta não só alimenta a central de tratamento de água da região, como ainda fornece electricidade para cerca de 1200 casas.

Segundo a responsável pela Water SA, a estação de tratamento de água e a central de produção de electricidade que lhe está associada, Lisa Hannan, são aproveitados “cerca de 150.000 litros de cerveja por semana”. Apesar de estar fora do prazo, de acordo com a gestora, a popular bebida “aporta um grande contributo ao nosso equipamento de biomassa produtor de biogás, pela elevada energia que incorpora, o que nos permite ceder electricidade de que não necessitamos para as casas da região”.

Após a pandemia, Hannan continua a pensar que os fabricantes de cerveja vão continuar a fornecer restos da bebida, se não fora de prazo, pelo menos a cevada, a matéria-prima utilizada na sua fabricação, que servirá ainda melhor para a produção de biogás.

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