“É uma pessoa mesmo normal, muito normal. Alguém totalmente comprometido, o que no futebol é algo raro. Até se ele marcar três vezes num jogo, nunca vai mudar o seu comportamento”. Robin falava assim no ano passado do amigo Luka, quando ambos estavam concentrados com a seleção alemã que disputava um Campeonato da Europa Sub-21 onde perderiam apenas na final frente à Espanha. Há uns meses, e em condições normais, nem a mudança de país faria com que deixassem de jogar na mesma equipa. Afinal, já não será assim. Mas o Benfica, num negócio que envolveu nesta parte final do acordo Rui Costa e Tiago Pinto, garantiu uma das promessas germânicas.

Aos 24 anos, apesar de já ter representado por mais do que uma ocasião o conjunto principal da Alemanha, é neste patamar que Luca Waldschmidt se encontra (e Robin Koch, o central do Friburgo que também foi chamado à Mannschaft mas que não virá para a Luz): um jogador de características diferentes dos avançados tradicionais, com algum golo, que chegou a estar apontado à Premier League, mais recentemente até ao Chelsea, que depois de Rüdiger (já no plantel) contrataram este verão Timo Werner ao RB Leipzig, namoram Kai Havertz, a estrela do Bayer, e seguiram também os passos do dianteiro do Friburgo, e que será reforço para Jorge Jesus. 

O avançado de 1,81m começou por passar por clubes mais modestos como SSV Oranien Frohnhausen, SSC Juno Burg e TSG Wieseck antes de chegar ao Eintracht Frankfurt hoje de André Silva e Gonçalo Paciência, em 2010. Foi aí que acabou a formação, foi aí que subiu ao conjunto B, foi aí que se estreou como sénior no conjunto principal com apenas 18 anos, tendo conseguido marcar apenas um golo e na Taça da Alemanha entre pouco mais de uma dezena de chamadas à equipa A. Pela falta de oportunidades mudou-se para o Hamburgo, histórico clube alemão que cairia para a Bundesliga 2 em 2018, de onde se transferiu depois para o Friburgo, mais rápido do que uma concorrência aí maior para assegurar o jogador que tinha sido internacional em todas as camadas jovens e que, por ter descido ao segundo escalão do futebol germânico, acabou por mudar mais uma vez de ares.

Em 2018/19 teve a melhor época da carreira, com nove golos em 30 jogos realizados na Bundesliga (um recorde nos encontros e nos remates certeiros) antes de uma fase final do Europeu Sub-21 onde se tornou a grande figura não só da Alemanha mas também da própria competição: um golo à Dinamarca (3-1), três golos à Sérvia (6-1), um golo à Áustria (1-1) e dois golos à Roménia (4-2) fizeram de Luca Waldschmidt um dos melhores marcadores de sempre de uma decisão da prova. Na atípica temporada que agora terminou marcou mais sete golos em 23 jogos da Liga, que ajudaram o Friburgo a terminar o Campeonato numa confortável oitava posição.

Filho de um antigo jogador alemão, Wolfgang Waldschmidt, que representou o Darmstadt em 1983/84, e com um primo que também joga mas a um outro nível (Sven Waldschmidt, central do TuS Schwachhausen) existem duas outras curiosidades muito abordadas nos perfis feitos sobre o futuro reforço encarnados, pelo 90min ou pelo Goal: ao contrário do que é normal nos jogadores de alta competição, nunca abdicou de ir no seu pequeno Vespa para os treinos e, seguindo uma tendência que tem vindo a aumentar no desporto e no futebol, adotou uma dieta vegetariana tal como o também germânico Serge Gnabry, Bellerín ou Chris Smalling. O site oficial da Bundesliga comparou-o ao ex-internacional Lucas Podolski, já depois de ter sido apelidado de “Il Bomber” em Itália durante o Europeu Sub-21 recordando “Der Bomber” Gerd Müller, um dos maiores goleadores alemães de sempre.

Seguido pelo Benfica desde 2019 por ter sido ponderado como substituto de João Félix pelas características de jogo, o esquerdino que assume também as bolas paradas (livres e penáltis) aguardou pelos desenvolvimentos do interesse manifestado ao longo da época e, após o sinal positivo de Jorge Jesus, Rui Costa, administrador da SAD, e Tiago Pinto, diretor do futebol dos encarnados, fecharam até à Alemanha para fecharem a contratação do jogador que deverá assim um vínculo de cinco temporadas. “A viagem correu bem, esperemos que o jogador chegue”, resumiu apenas Rui Costa, em declarações à CMTV pouco depois de ter regressado a Lisboa.

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