A administração da Media Capital, que é alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) da Cofina sobre 100% da empresa, “está consciente do valor” do grupo, afirmou o presidente da dona da TVI, numa mensagem aos trabalhadores.

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Numa mensagem enviada aos trabalhadores na quarta-feira, a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira, o presidente executivo da Media Capital, Manuel Alves Monteiro, refere que “os novos termos desta operação serão analisados e o Conselho de Administração terá a oportunidade de emitir um relatório com a sua posição” sobre a mesma e “os termos que a regem”.

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O Conselho de Administração da Media Capital “está consciente do valor deste grupo de empresas e negócios que o compõem, suportado num histórico de liderança, num desempenho resiliente perante um contexto de pandemia muito desafiante, nos evidentes sinais de recuperação que vimos registando e na prossecução de uma clara estratégia e de um plano de negócios que recentemente foram aprovados”, afirma o presidente executivo.

“Na tomada de posição sobre a presente operação, o Conselho de Administração orientar-se-á pela defesa dos stakeholders [partes envolvidas] da empresa e, em particular, os dos seus colaboradores e acionistas”, assevera Manuel Alves Monteiro. “Continuaremos juntos a criar valor”, salientou o presidente executivo da Media Capital, no final da missiva enviada por mail aos trabalhadores, rematando que “a mudança começou”.

A Cofina tem até final do mês para fazer o pedido de registo da OPA.

Cerca das 13h25, as ações da Cofina subiam 16,36% para 0,26 euros, um dia depois do anúncio da OPA modificada, depois de a meio da manhã ter disparado mais de 18% na bolsa portuguesa.

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No âmbito desta operação, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) disponibiliza um conjunto de perguntas e respostas tendo em vista o esclarecimento do mercado e do público em geral.

De acordo com o órgão supervisor, as administrações das empresas visadas na OPA — Cofina e Media Capital — deverão, entre outros aspetos, até ao apuramento dos resultados da oferta, “informar diariamente a CMVM sobre as transações realizadas pelos seus membros sobre valores mobiliários emitidos pelas duas sociedades; prestar todas as informações que lhe venham a ser solicitadas” pelo regulador no “âmbito das suas funções de supervisão”, bem como “informar os trabalhadores sobre o conteúdo dos documentos das ofertas (anúncios preliminares, anúncios de lançamento e prospetos) e do relatório por si elaborado, assim que sejam tornados públicos; agir de boa fé, designadamente quanto à correção da informação e quanto à lealdade do comportamento”.

Relativamente às limitações a que se encontra obrigado o órgão de administração da Media Capital, a CMVM cita o Código dos Valores Mobiliários (artigo 182.º, n.º1), que prevê que a administração da sociedade visada por OPA “fique obrigada a um dever de neutralidade na gestão, definido como a proibição de, por si só, ‘praticar atos suscetíveis de alterar de modo relevante a situação patrimonial da sociedade visada que não se reconduzam à gestão normal da sociedade e que possam afetar de modo significativo os objetivos anunciados pelo oferente'”.

Esta limitação “apenas opera para salvaguarda dos legítimos interesses do oferente que tenha anunciado oferta que incida sobre mais de um terço dos valores mobiliários da respetiva categoria”.

Considerando que “a possibilidade de venda de mais do que 4.485.573 ações fica dependente da determinação, por auditor independente, de preço por ação inferior a 0,415 euros por ação (ou de renúncia pela Cofina a tal condição), apenas em tal circunstância e a partir de tal momento se poderá aplicar o referido dever de neutralidade ao conselho de administração da sociedade visada”, adianta.

Sensivelmente à mesma hora, cerca das 13h40, as ações da Impresa, dona da SIC, estavam a cair 0,38% para 0,13 euros.