“The Loneliness of the Long Distance Runner”

É com “The Loneliness of the Long Distance Runner”, realizado por Tony Richardson em 1962 , um dos títulos de referência da Nova Vaga do cinema inglês dos anos 50 e 60, cujos realizadores vinham da crítica, do documentário ou da televisão e cultivaram um realismo do quotidiano mais comezinho e áspero, com bagagem social e política, e estava ligada aos escritores e dramaturgos do movimento dos chamados Angry Young Men, que abre amanhã, dia 14, no Nimas o ciclo A “Nova Vaga” Inglesa. Inclui ainda três filmes de Alexander Mackendrick, cineasta de uma geração anterior. São nove fitas, a ser exibidas até dia 2 de Setembro. Em “The Loneliness of the Long Distance Runner”, adaptado por Alan Sillitoe do seu conto e rodado num severo preto e branco como a maioria destas obras, Tom Courtney, um dos vários novos actores e actrizes revelados por esta Nova Vaga, é Colin, um jovem delinquente internado num reformatório e um corredor nato, qualidade que usa para sobreviver na instituição, escapar da sua rotina mesquinha e dar nas vistas perante o diretor (Michael Redgrave). Veja aqui o programa completo.

“O Nosso Tempo”

Os ingleses têm uma expressão certeira para definir as pessoas intelectualmente afectadas ou pretensiosas: “pseud”. O mexicano Carlos Reygadas é um dos maiores “pseuds” do cinema contemporâneo, com os seus filmes portentosamente narcolépticos e desesperadamente intermináveis, auto-complacentes, cheios de ademanes “espirituais” e “simbólicos”, tão superficiais como laboriosamente elaborados, do primeiro, “Japón” (2002), ao mais recente, “O Nosso Tempo”, interpretado por ele mesmo, mulher e filhos, amigos e não-profissionais, e alegadamente baseado em vivências íntimas do casal Reygadas. O realizador personifica Juan, um poeta de renome internacional e criador de touros (!) que tem um casamento aberto com a mulher, Esther, no qual se intromete Phil, um tratador de cavalos americano. “O Nosso Tempo” é uma presunçosa, insofrível e infindável sessão de terapia conjugal sob forma cinematográfica, dobrada de reflexão sobre a dor de corno, entrecortada por sequências em que Reygadas mete a câmara no motor de um jipe e no trem de aterragem de um avião, ou filma touros à marrada e a Cidade do México vista do ar à noite. Um filme “pseud” até perder de vista.

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“O Jardim Secreto”

O clássico da literatura juvenil “O Jardim Secreto”, de Frances Hodgson Burnett, teve já inúmeras adaptações ao cinema e à televisão desde que foi publicado, em 1911. Esta mais recente foi realizada por Marc Munden e introduz uma série de modificações na história original. O enredo foi agora transferido para o mundo pós-II Guerra Mundial, com a pequena Mary (Dixie Egerickx) a ser trazida para a enorme mansão do tio viúvo no Yorkshire, após perder os pais depois da independência da Índia. A casa está semi-devastada, por ter servido como hospital militar durante a guerra e é representada com aspetos fantasmagóricos, e o pequeno e discreto jardim do título é agora desmesuradamente grande e feérico. Colin Firth surge no papel de Archibal Craven, o tio de Mary, Julie Walters interpreta a governanta e o realizador inundou o filme com efeitos especiais digitais. “O Jardim Secreto” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.