Os chefes de diplomacia da União Europeia (UE) acordaram esta sexta-feira impor sanções ao regime de Minsk na sequência das eleições presidenciais de domingo passado, visando os responsáveis pela alegada fraude nos resultados e pela repressão violenta das manifestações.

A decisão de desencadear o processo de instauração de novas sanções contra dirigentes da Bielorrússia foi tomada durante uma reunião extraordinária dos chefes de diplomacia dos 27, realizada esta sexta-feira por videoconferência, e anunciada pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, na sua conta oficial na rede social Twitter.

“A UE não aceita os resultados das eleições. Começam os trabalhos para sancionar os responsáveis pela violência e falsificação” dos resultados, escreveu o chefe da diplomacia europeia, que na passada quarta-feira decidiu convocar este Conselho extraordinário, sobretudo face ao agravamento da repressão das manifestações que têm ocorrido um pouco por toda a Bielorrússia a contestar os resultados oficiais das eleições.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com a “luz verde” hoje dada pelos 27, terá início o processo para selecionar os responsáveis a serem sancionados, isto depois de a UE ter levantado em 2016 a maior parte das sanções contra o regime de Minsk por considerar que estavam a ser dados “passos positivos”. Desde o passado domingo que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta.

A Comissão Eleitoral Central bielorrussa informou na segunda-feira que Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, obteve 80,23% dos votos, que lhe permite cumprir um sexto mandato presidencial consecutivo, um resultado rejeitado pela oposição.

A principal candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, cujas ações de campanha atraíram multidões de eleitores frustrados com o governo autoritário de 26 anos de Lukashenko, terá obtido apenas 10% dos votos. Durante a semana, refugiou-se na Lituânia, de onde esta sexta-feira lançou um apelo para a realização de “massivas manifestações pacíficas” em todo o país durante o fim de semana.

“Os bielorrussos não querem continuar a viver com o poder anterior. A maioria não acredita na vitória (de Lukashenko)”, afirmou, acrescentando que, nas assembleias de voto onde a “contagem foi justa”, obteve entre 60% e 70% dos votos, razão pela qual exorta Lukashenko a ceder o poder.

Esta semana, a UE já aprovara uma declaração na qual denunciava que as eleições presidenciais não foram “nem livres nem justas” e ameaçava adotar sanções contra os responsáveis pela violência exercida contra manifestantes pacíficos.

“As eleições não foram nem livres nem justas. (…) Procederemos a uma revisão aprofundada das relações da UE com a Bielorrússia. Poderá implicar, entre outras, a adoção de medidas contra os responsáveis das violências registadas, das detenções injustificadas e da falsificação dos resultados das eleições”, anunciaram em comunicado os 27 países.

Cinco perguntas e respostas para entender o que se passa na Bielorrússia — e a razão do nervosismo de Lukashenko