O número de refeições entregues semanalmente no Porto pelo Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA) a pessoas carenciadas ronda atualmente os 650, um valor que mais do que triplicou em relação ao período pré-Covid-19, revelou esta quinta-feira a associação.

Em entrevista à agência Lusa, a coordenadora no CASA do Porto, Ana Salão, explicou que, antes da pandemia de Covid-19, o centro distribuía, na Baixa do Porto, “180 refeições semanais” a pessoas carenciadas.

Atualmente, continua a fornecer refeições, como habitualmente o fazia, às terças-feiras, quintas, sextas e domingos, tendo registado um “aumento” de pedidos nos últimos meses, com o número a rondar agora as 650 “por semana”.

Este aumento de pedidos de refeições ao CASA do Porto deve-se, principalmente, porque a associação foi uma “das poucas” da cidade a continuar a trabalhar, mesmo com menos voluntários, disse Ana Salão.

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“Nunca deixámos de trabalhar, mesmo quando houve a implementação do estado de emergência (18 de março de 2020), e acabámos por suprir a suspensão de outras associações da cidade, que deixaram de funcionar, por medo do novo vírus e por falta de voluntários para trabalhar”.

O aumento dos pedidos de ajuda também se registou no número de refeições confecionadas nos dois restaurantes solidários da cidade do Porto geridos pelo CASA: o da Ordem do Terço, na Batalha, e o das antigas instalações do antigo Hospital Joaquim Urbano, nas Antas.

Há também mais 30 famílias do Porto que começaram a pedir ajuda com a chegada da Covid-19 e estão a receber cabazes de comida ao sábado no armazém de São Bento da Vitória. Antes da pandemia, o CASA auxiliava uma centena de famílias da cidade.

Os imigrantes, principalmente de nacionalidade brasileira, e os trabalhadores da restauração, hotelaria e de pequenos negócios de transporte de estudantes das escolas para as Atividades de Tempos Livres ou de lojas de comércio local, são alguns dos novos pobres que “colocaram a vergonha para trás das costas” e começaram a pedir comida na associação, refere Ana Salão.

A responsável, acrescentou que as pessoas carenciadas de concelhos limítrofes do Porto, como Vila Nova de Gaia, Matosinhos ou Gondomar, deslocam-se à capital de distrito em busca de refeições, porque naqueles municípios “não encontram resposta”.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 743 mil mortos e infetou mais de 20,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.