O executivo de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América, está a dar os últimos passos necessários para que empresas de prospeção de petróleo e gás possam fazer furos no estado do Alasca. A notícia é avançada pelo The Guardian, numa parceria com a Society of Environmental Journalists [Sociedade de Jornalistas do Ambiente, em português], que refere que o espaço onde as empresa de petróleo e gás poderão vir a fazer prospeções é reconhecido como o “último grande refúgio de vida selvagem” do país.

O Departamento do Interior dos EUA vai abrir um leilão para a concessão de prospeções até ao final do ano, disse ao The Wall Street Journal o secretário David Bernhardt, responsável por essa entidade.

Ao todo, este refúgio de vida selvagem no nordeste do Alasca cobre mais de 19 milhões de acres (quase 77 mil quilómetros quadrados). A decisão da administração Trump irá liberar 1,6 milhões de acres para serem explorados. Alguns animais, como ursos polares, raposas e aves, dependem do local para fazerem as suas migrações.

Em nenhum outro lugar das cinco nações do círculo Polar Norte há uma vida selvagem tão abundante e diversa”, diz Adam Kolton, diretor executivo da Alaska Wilderness League.

Até a medida ser aprovada esperam-se já várias batalhas legais para a impedir. Bernadette Demienti, diretora executiva do comité de direção Gwich’in, uma tribo local, fala em razões ancestrais, alegando que o seu povo teve uma conexão espiritual e cultural com os alces caribu, uma das espécies ameaçadas, “desde tempos imemoriais”.

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Esta área que acabaram de abrir é o local de parto. Este é um lugar tão sagrado para os Gwich’in que não vamos lá. A nossa história de criação conta-nos que fizemos um voto com os caribu de que cuidaríamos uns dos outros. Eles cuidaram de nós e agora é a nossa vez de cuidar deles”, diz Demienti.

Não é ainda certo, contudo, se as petrolíferas vão ter interesse em perfurar na área em breve, uma vez que o petróleo é barato e abundante noutros lugares, refere o mesmo jornal. Além disso, cinco bancos dos EUA já afirmaram que não vão financiar qualquer projeto nesta área.

“Não é um bom momento para abrir o maior refúgio de vida selvagem da América para a perfuração, mas é absolutamente louco colocar este belo lugar em perigo durante um excesso mundial de petróleo”, diz Kristen Monsell, advogada do programa de oceanos do Center for Biological Diversity. A jurista refere ainda que esta decisão do executivo de Trump mostra “um novo baixo perigoso” numa “obsessão [governamental] em expandir a extração de combustíveis fósseis sujos.