O PSD quer que sejam divulgados os relatórios sobre o lar de Reguengos de Monsaraz onde houve um surto de covid-19 que provocou a morte a 18 pessoas, para que “toda a verdade seja apurada” sobre este caso.

“O PSD quer conhecer todos os relatórios sobre a situação do lar de Reguengos de Monsaraz”, distrito de Évora, refere o partido num comunicado divulgado hoje.

O grupo parlamentar social-democrata indica igualmente que “solicitou que as comissões parlamentares diligenciassem este pedido junto do Governo e da Ordem dos Médicos, para que os relatórios sejam divulgados e toda a verdade seja apurada”.

Também hoje, o PSD anunciou que formalizou na segunda-feira o pedido de audição no parlamento das ministras da Segurança Social e da Saúde, e defendeu que a desvalorização do que acontece no lar de Reguengos de Monsaraz é “humanamente inaceitável”.

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Depois de no sábado ter anunciado que iria chamar Ana Mendes Godinho e Marta Temido à Assembleia da República, o PSD refere no requerimento que quer ver “apurada a atuação dos respetivos Ministérios no que respeita aos estabelecimentos destinados aos cidadãos mais idosos”.

Na ótica dos sociais-democratas, é “essencial e urgente esclarecer cabalmente a atuação dos Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Saúde, nas respetivas áreas de atuação, relativamente aos lares de idosos, bem como dar a conhecer as medidas e ações para este setor” a nível de recursos humanos ou financiamento e regras de conduta.

“A incapacidade que o Governo tem revelado em prevenir e combater a recorrente ocorrência de surtos em lares é gravíssima e ficou patente, uma vez mais, numa recente entrevista prestada pela Ministra do Trabalho e Segurança Social ao semanário Expresso”, alegam os sociais-democratas.

No sábado passado, a ministra da Segurança Social admitiu ao Expresso que faltam funcionários nos lares, lembrando que há um programa para colmatar essa falha, mas considerou que a dimensão dos surtos de covid-19 “não é demasiado grande em termos de proporção”.

O PSD salienta que “a desresponsabilização e a desvalorização das gravíssimas ocorrências que culminaram na morte de 18 pessoas num lar de Reguengos de Monsaraz é politicamente incompreensível e humanamente inaceitável”, uma vez que “a situação pandémica provocada pela covid-19 nos lares é particularmente preocupante”.

O surto de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Posteriormente, num relatório da auditoria conhecido no dia 06 de agosto, a Ordem dos Médicos disse que o lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à ARS.

A Procuradoria-Geral da República disse depois à Lusa que foi instaurado um inquérito sobre o surto de covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da Ordem.

Além do PSD, também o CDS-PP requereu a audição urgente das duas ministras e da diretora-geral da Saúde e pediu a demissão da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, tendo sido acompanhado pelo Chega.

Hoje, o primeiro-ministro manifestou “toda a confiança política” na ministra Ana Mendes Godinho.