“O Serviço Postal está atualmente pronto para lidar com qualquer volume de correspondência eleitoral que venha a receber neste outono.” Esta foi a resposta do Louis DeJoy, diretor deste serviço governamental norte-americano, às críticas de que não estariam à altura de dar resposta às exigências impostas pelas eleições de novembro.

“O público americano deve saber que esta [a entrega dos boletins de voto] é nossa prioridade número um até o dia das eleições”, disse, em comunicado de imprensa, Louis DeJoy.

A pandemia de Covid-19 veio condicionar aquilo que se pode esperar das eleições norte-americanas, desde a campanha à votação — com a expectativa de um número recorde de americanos a votarem por correio, refere o jornal The Washingthon Post. Mas os atrasos das entregas do Serviço Postal nas últimas semanas fazem recear que o serviço não tenha capacidade para cumprir com a tarefa.

As culpas recaem sobretudo em Louis DeJoy, um dos grandes doadores do partido Republicano, e nas alterações que tem feito desde que ocupou o cargo em maio. Como ter acabado com as horas extraordinárias e viagens adicionais para garantir a entrega do correio ou ter demitido ou transferido 23 executivos de forma a centralizar o poder.

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“Vim para os Correios para fazer alterações que garantam o sucesso desta organização e sua sustentabilidade a longo prazo”, diz o diretor do serviço em comunicado de imprensa, mas acrescenta que isso só acontecerá depois das eleições.

Outra das acusações recai sobre Donald Trump, por estar a condicionar deliberadamente o Serviço Postal e a capacidade de garantir a entrega dos votos por correspondência e, assim, privar os americanos de um direito de voto, refere o jornal The New York Times.

Os Republicanos não aprovaram um apoio financeiro de emergência e Trump acusa, sem provas, que o voto por correspondência esteja sujeito a fraude. O Presidente norte-americano tem, aliás, desde que foi eleito feito uma campanha feroz contra o Serviço Postal, recorda o jornal The Washington Post.

Louis DeJoy diz que muitas das críticas que têm sido feitas ao Serviço Postal são resultado de alterações operacionais que o antecederam. Mas para evitar qualquer suspeita de que possa condicionar as eleições afirma: “Vou suspender essas iniciativas até que a eleição esteja concluída”.

Entre as iniciativas que serão suspensas até depois das eleições estão a retirada dos marcos de correio azuis (correio expresso) ou dos equipamentos que fazem o processamento do correio. Tornar estes equipamentos menos acessíveis poderia desmobilizar o interesse das pessoas no voto por correio.

A crise financeira no serviço de correios norte-americano dura há anos e foi agravada durante a pandemia. Se não conseguir uma ajuda do governo ficará, certamente, com a capacidade de ação condicionada.