Lisboa-Estrasburgo-Lisboa-Brugges. Marcelo Rebelo de Sousa só vai anunciar se é recandidato a Belém em dezembro, mas o Presidente que não tira mais de cinco dias de férias seguidos ainda vai voltar à estrada como chefe de Estado antes de poder ir para rua como candidato. Incluindo fora do país. Se a meta para as presidenciais pode ser repetir o resultado esmagador de Mário Soares no segundo mandato (mais de 70% dos votos), um desses eventos de Marcelo Rebelo de Sousa ganha especial simbolismo: o Presidente da República vai presidir e discursar no dia 13 de outubro na cerimónia de abertura do ano letivo no Colégio da Europa, em Brugges (Bélgica), que terá como “patrono” em 2020-2021 precisamente o antigo Presidente Mário Soares.

Nas declarações no último sábado na praia do Alvor, no Algarve — e antes de participar no salvamento de duas jovens banhistas em apuros — Marcelo Rebelo de Sousa deixou escapar que estaria a preparar “compromissos externos” para setembro e outubro, sem especificar que eventos eram esses. Ao que o Observador apurou será uma agenda apertada nas semanas que antecedem o dezembro da grande (e esperada) decisão sobre a recandidatura. Depois do discurso de 5 de outubro — uma das últimas grandes intervenções que fará antes do fim do mandato — o Presidente da República estará  ( três dias depois em Estrasburgo. O chefe de Estado vai participar na sessão de comemoração dos 70 anos da Convenção Europeia dos Direitos do Homem a 8 de outubro na sede do Conselho da Europa, em Estrasburgo.

De manhã em França, à noite em Lisboa. Nesse mesmo dia 8 de outubro, Marcelo Rebelo de Sousa, segundo apurou o Observador, terá de estar à noite em Portugal para o jantar que marcará o primeiro dia de reuniões do grupo de Arraiolos, um grupo informal que junta chefes de Estado sem poderes executivos e que se vai realizar a 8 e 9 de outubro em Lisboa. O grupo foi criado por Jorge Sampaio em 2003 naquela vila alentejana e reúne chefes de Estado europeus sem poder executivo.

O Presidente da República tinha previsto ir até ao Chile em setembro para participar em cerimónias comemorativas dos 500 anos da circum-navegação de Fernão Magalhães, mas o evento foi adiado para janeiro devido à pandemia.

Marcelo Rebelo de Sousa ainda tem de tomar decisões importantes como promulgar o Orçamento do Estado para 2021, mas isso já fará previsivelmente como Presidente-candidato. O orçamento do Estado tem de ser entregue pelo governo até 15 de outubro e, seguindo o calendário habitual, deverá ser aprovado na votação final global na Assembleia da República em novembro. A promulgação presidencial por norma ocorre em dezembro, dias antes do Natal.

Nas eleições de janeiro de 2021, Marcelo Rebelo de Sousa terá sempre como fasquia — se não atribuída pelo próprio, será pela esfera mediática — o resultado de Mário Soares em 1991. Seguindo as sondagens, Marcelo Rebelo de Sousa não está longe dos 70,35% do fundador do PS, mas na sondagem feita para o Correio da Manhã e   Jornal Negócios divulgada esta terça-feira, caiu três pontos percentuais nas intenções de voto, para 67,7% (tinha 70,8% na sondagem de julho que até apontava para valores acima da reeleição de Soares).

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