“Di María? Acho que não perdeu uma única bola esta noite. A qualidade individual dos jogadores adversários do PSG é verdadeiramente superior. Defenderam de forma perfeita, com concentração. Podemos sempre fazer melhor mas isso pode não ser suficiente”, admitiu no final Julian Nagelsmann, o técnico da moda que se tornou o mais novo de sempre numa meia-final da Liga dos Campeões. Apesar da campanha histórica que ninguém poderia prever, o RB Leipzig caiu de forma concludente frente à melhor versão do PSG que, ao contrário do que aconteceu frente à Atalanta, já contou com Ángel Di María. Neste caso, a melhor versão de Di María.

NeyDay, NeyDay, o craque não anda de cabeça no ar e tem um Ángel a dar-lhe asas (a crónica do RB Leipzig-PSG)

Colocado no lado direito de um ataque que manteve Neymar e apostou também em Mbappé de início pela esquerda (saíram Icardi e Sarabia, que não foram propriamente muito recordados), o esquerdino apontou o livre lateral na esquerda que deu o primeiro golo a Marquinhos, marcou o segundo golo após passe de Neymar na área e fez ainda a assistência para o terceiro golo de Bernat, numa exibição de sonho que só não teve outros números porque, no final do encontro, Mbappé não aproveitou duas oportunidades flagrantes criadas por Di María. Quem achava que Lisboa ia ser tomada por um argentino canhoto franzino tinha razão – só não foi Lionel Messi.

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Além do golo marcado e das duas assistências, a exibição-de-9.3-que-foi-como-nota-10 envolveu 64 toques na bola, 36 passes completos com uma eficácia de 85%, seis em seis duelos ganhos, cinco oportunidades criadas (três delas flagrantes), seis recuperações e quatro dos seis passes longos com sucesso. Com tudo isso, Di María chegou a outro dado que muitas vezes escapa mas que demonstra a dimensão do encontro do jogador que se mostrou em termos europeus na Luz e que teve em 2009/10 a melhor época no Benfica – onde foi campeão com um total de dez golos e 19 assistências em 45 encontros oficiais disputados pelos encarnados tendo como técnico Jorge Jesus, que esta noite esteve na tribuna ao lado (com a devida distância) de Rui Costa, Luís Figo e Fernando Santos.

Ao todo, nos últimos dez anos, apenas um jogador tem mais assistências na Champions do que o ala argentino que chegou a Paris vindo do Manchester United que se tornou campeão europeu em 2014 pelo Real Madrid após derrotar o Atl. Madrid… na Luz: Cristiano Ronaldo, com 28, mais duas do que Di María e Messi. A exibição acabou por valer de forma natural o prémio de MVP, que nos quartos tinha sido para Neymar.

“Estou muito feliz. A equipa fez um grande trabalho, um grande jogo. Queríamos ficar na história do clube, cheguei a Paris para poder fazer história. Posso estar agora na final, é muito importante para nós e oxalá possamos continuar desta forma. Fomos nós mesmos, jogámos a 100%. A qualificação para a final era 50-50 e sabíamos que, com todas as energias e com vontade de chegar a uma final, podíamos conseguir. Foi o que fizemos. Esta noite já vai ser difícil para dormir, a pensar na final. Ainda assim, qualquer que seja a final, já vimos o nível da Liga francesa”, comentou Ángel Di María no final do encontro, em declarações à RMC Sport.