Centenas de civis nigerianos foram feitos reféns por supostos combatentes do Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap), que invadiram na terça-feira à noite uma cidade no nordeste da Nigéria, disseram esta quarta-feira fontes locais e de segurança.

“Terroristas’ do Iswap tomaram o controlo de Kukawa (na região do Lago Chade) na terça-feira à noite, e levaram centenas de civis como reféns”, disse à agência de notícias francesa, France-Presse (AFP), um líder das milícias civis, Babakura Kolo.

Os residentes de Kukawa tinham acabado de regressar às suas casas, após dois anos a viverem num campo de deslocados devido à violência que tem afetado a região do Lago Chade, incluindo o estado de Borno, no nordeste da Nigéria.

Um chefe local que se encontrava entre os residentes, mas que conseguiu escapar, disse que todos tinham regressado no início de agosto na esperança de finalmente poderem cultivar as suas terras, “mas acabaram nas mãos dos insurgentes”.

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“Não sabemos o que vão fazer com eles, mas esperamos que não os prejudiquem”, disse o líder da comunidade, que preferiu o anonimato.

Uma fonte das forças de segurança do país confirmou à AFP o ataque e disse que foram destacados aviões de combate de Maiduguri, da capital do estado de Borno, para “tratarem da situação”.

Kukawa está localizada perto da grande cidade de Baga, nos arredores do Lago Chade, uma área controlada pelo grupo Iswap, que se separou do Boko Haram em 2016. O grupo, filiado do grupo Estado Islâmico (EI), realiza numerosos ataques, particularmente contra o exército nigeriano, e já matou centenas ou mesmo milhares de soldados.

Também controla cidades e aldeias de média dimensão e milhares de civis vivem sob o seu controlo.

Mais de 36.000 pessoas foram mortas em ataques violentos na Nigéria desde 2009 e mais de dois milhões de pessoas continuam impossibilitadas de regressar às suas casas.

As Nações Unidas disseram na semana passada que 10,6 milhões de pessoas (de um total de 13 milhões), ou “quatro em cada cinco pessoas”, dependem da ajuda humanitária para sobreviverem nos três estados nigerianos mais afetados pelo conflito jihadista (Borno, Yobe, Adamawa).

“Este é o número mais elevado jamais registado desde que começámos a operar há cinco anos”, adiantou a ONU.