A origem do surto em Mora está a ser investigada pelas autoridades de saúde e também “pelas autoridades policiais”, afirmou o presidente da Câmara à Rádio Observador. Não podendo revelar muitos pormenores que justifiquem esta decisão, Simão de Matos disse apenas que há suspeitas de incúria ou dolo por parte do primeiro infetado.

Em declarações à Lusa, o autarca reafirmou ter conhecimento de que há investigações em curso pelas autoridades policiais, acerca do doente zero”, porque “desconfia-se que pode ter havido aqui incúria de alguém”, disse Luís Simão. O surto da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 pode dever-se a “alguém que não se terá comportado como devia no sentido de se ter percebido mais cedo a origem do surto”, afirmou. “Espero que não se confirme isso, naturalmente. As autoridades estão a investigar”, mas, “se se apurar responsabilidade de alguém, essas pessoas devem ser severamente responsabilizadas”, defendeu.

No entanto, contactada pela Lusa sobre se o Ministério Público estaria a investigar a origem do surto da doença em Mora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) respondeu que não existe qualquer “inquérito relacionado com a matéria”. Já o Comando Territorial de Évora da GNR disse à Lusa que “não existe nenhuma ocorrência registada relacionada com a origem do surto em Mora”, não tendo sido “apresentada qualquer denúncia por parte de uma pessoa singular ou de uma entidade”.

Autarca afasta cerca sanitária

O Presidente da Câmara de Mora, Luís Simão de Matos, afirmou à Rádio Observador esta quarta-feira que a implementação de uma cerca sanitária tanto no concelho como só à vila dessa localidade alentejana “não faria sentido”.

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Simão de Matos alega que neste momento o rastreamento está a ajudar a circunscrever os infetados, que os novos casos “dos últimos três dias” são de pessoas que já viviam com familiares Covid-19 positivos e isso leva-os a “crer que as coisas começam a ficar um pouco mais controladas.” Contudo, o autarca ressalva que “daqui a dois ou três dias, se a situação se agravar”, o caso pode mudar de rumo.  “Hoje digo que o cerco sanitário não faria sentido, mas daqui a dois ou três dias, se a situação se agravar, posso vir dizer o contrário. Contudo, à data de hoje, com as informações que temos, parece-me que não será a melhor medida”, explicou.

Cerca sanitária? “Mora é uma vila deserta”

Questionado sobre a situação dos lares neste surto Luís Simão de Matos esclareceu que os cinco estabelecimentos que existem no concelho de Mora “retomaram medidas muito apertadas para fazer com que o vírus não lhes chegasse” e que até agora já foram feitos testes a três desses cinco lares. Desses, um não acusou qualquer caso positivo, enquanto “os outros ainda estão em processo de testagem”. 

Na manhã desta quarta-feira o número de casos positivos na vila de Mora subiu para 48 (mais dois do que os 46 verificados na noite de terça-feira). Cinco doentes estão internados, três deles em Unidades de Cuidados Intensivos. O autarca desta região alentejana explica que os primeiros casos positivos que apareceram foram logo três, no dia 9 de agosto, e que no dia seguinte “começou-se a fazer uma enorme bateria de testes à população do conselho”. Mais de 200 pessoas estão neste momento em confinamento e os 46 casos “envolvem cerca de 20 famílias”.