O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirmou esta quarta-feira que uma das consequências da pandemia de Covid-19 para o arquipélago é obrigar a acelerar a diversificação da economia, além do turismo, que representava 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

É já sabido que Cabo Verde será provavelmente um dos países mais impactados por esta pandemia da Covid-19. Esta afirmação não pode servir apenas para chocar, mas sim para mudar as nossas atitudes e para que possamos alinhá-las com aquilo que são as necessidades do presente e do futuro de Cabo Verde”, defendeu Olavo Correia, após participar num seminário online, a partir da Praia, sobre promoção económica.

Dependente das receitas do turismo, o arquipélago está fechado a voos internacionais desde 19 de março, para conter a pandemia de Covid-19, e ainda não definiu uma data para a reabertura.

A procura turística deverá recuar este ano a níveis de 2009, devido à pandemia de Covid-19, com a perda de 536 mil turistas face à previsão inicial do Governo. A previsão consta de um documento de suporte ao Orçamento Retificativo para 2020 que entrou este mês em vigor e que aponta para uma quebra de 58,8% na procura turística, face aos 819 mil turistas que o arquipélago recebeu em 2019.

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O tema da diversificação económica que abordamos hoje é importante. Foi importante no passado, é importante no presente e será importante no futuro. Diversificação, não apenas como uma forma de construirmos a resiliência para gerir os choques e as oscilações em relação à procura, quer interna como também externa, mas também diversificação como necessidade em termos de adaptação da nossa economia em relação à evolução da economia mundial”, assumiu Correia.

O governante acrescentou, contudo, que “independentemente da lição” a retirar dos efeitos desta pandemia, não se deve concluir “que apenas as economias dependentes do turismo estão a ser afetadas”.

“Os setores, por mais que sejam produtivos, não conseguem continuar a contribuir para o crescimento durante muito tempo com a mesma velocidade e dimensão. Temos que ir adaptando ao contexto mundial. E isto implica necessariamente a diversificação da economia, também diversificar para que possamos criar novas oportunidades”, disse ainda. Para Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, a “criação de novas oportunidades implica necessariamente a diversificação das nossas economias“.

“Ao nível de Cabo Verde temos vários desafios a enfrentar, que entroncam com o tema da diversificação, e também da construção da resiliência”, admitiu.

O governo estimava antes da pandemia de Covid-19 um crescimento da procura turística de 6,6%, aproximando-se da meta anual de um milhão de turistas, depois de um crescimento de 7% em 2019.

Contudo, na previsão do governo que consta do documento de suporte orçamental revisto, Cabo Verde deverá receber este ano apenas 337.555 turistas. Deste total, 170.778 são turistas que já visitaram o país no primeiro trimestre de 2020, pelo que até final do ano o país deverá receber pouco mais de 165.000 turistas.

O turismo representa praticamente 25% do PIB de Cabo Verde e esta revisão em forte baixa das previsões para 2020 reflete-se desde logo numa quebra de 66,1% nas receitas com o setor. As receitas com o turismo renderam em 2019 um máximo histórico de 43.103 milhões de escudos (389 milhões de euros), mas segundo a previsão do governo deverão cair este ano para 15.086 milhões de escudos (136 milhões de euros).

Cabo Verde contava até 18 de agosto com um acumulado de 3.253 casos de Covid-19 diagnosticados desde 19 de março, que provocaram 36 mortes.