O antigo secretário de Estado do Tesouro da Guiné-Bissau Suleimane Seidi foi esta quinta-feira detido, disse à agência Lusa o advogado Luís Vaz Martins. Segundo Luís Vaz Martins, Suleimane Seidi foi detido na sua residência, em Bissau, capital do país, encontrando-se na 2.ª esquadra.

“Por enquanto não sabemos qual é o motivo da detenção. Vamos tentar saber amanhã (sexta-feira)”, afirmou Luís Vaz Martins, acrescentando que ainda não conseguiu contactar com o antigo secretário de Estado.

Suleimane Seidi era o antigo secretário de Estado do Tesouro do governo de Aristides Gomes, que além de primeiro-ministro acumulava a pasta das Finanças. Tanto Aristides Gomes como Suleimane Seidi são dirigentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

O PAIGC tem denunciado perseguições pelas atuais autoridades do país aos seus dirigentes e militantes, bem como aos elementos do antigo governo liderado por Aristides Gomes.

Na segunda-feira, o PAIGC denunciou a detenção arbitrária de um outro dirigente do comité central, num ato que classificou de “atentado monstruoso” às liberdades.

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“O PAIGC vem dar conhecimento que o camarada Bacai Sanhá (filho do antigo Presidente guineense Malam Bacai Sanha) foi intercetado por agentes da Guarda Nacional em território guineense, quando em viagem a Zinguichor (Senegal) para dar assistência à sua esposa que se encontra em tratamento médico naquele país vizinho”, refere o comunicado do secretariado nacional do PAIGC.

Para o partido, a detenção de Bacai Sanhá é “mais um de entre tantos atos de violência que o país vem assistindo à luz do dia”, com a particularidade de serem sempre contra “dirigentes do PAIGC”.

Bacai Sanhá, “Bacaizinho”, ocupava as funções de secretário de Estado das Comunidades no Governo liderado por Aristides Gomes, que foi deposto na sequência da tomada de posse do atual Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

Em junho, um outro dirigente do partido foi detido pelas forças de segurança, acabando por ser posto em liberdade.

Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições do Estado.

O programa de governo de Nuno Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputados do PAIGC.