O governo britânico anunciou esta quinta-feira que Portugal vai ser adicionado à lista de corredores aéreos, saindo da “lista negra” de países dos quais os viajantes tinham de cumprir uma quarentena obrigatória na chegada ao Reino Unido. A notícia já foi confirmada pela embaixada britânica em Lisboa, depois de ter sido avançada pela imprensa britânica e anunciada, também, pelo ministro dos Transportes britânico no Twitter.

A decisão surge após uma revisão dos dados mais recentes pelo Centro Comum de Biossegurança (Joint Biosecurity Centre) do Reino Unido, explica comunicado da embaixada. “A partir das 4h00 de 22 de agosto de 2020, os passageiros que cheguem a Reino Unido vindos de Portugal (incluindo das regiões autónomas da Madeira e dos Açores) já não vão precisar de se autoisolar, desde que não tenham estado ou transitado por outros países não isentos nos 14dias anteriores à sua chegada”.

Os passageiros que cheguem ao Reino Unido antes desta data terão de cumprir o período completo de 14 dias de autoisolamento, esclarece o comunicado.

Portugal junta-se, assim, a um grupo reduzido de países que foram adicionadas à lista de “corredores de viagem” com o Reino Unido desde meados de julho, que incluem a Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Granadinas, Brunei e Malásia. Além de Portugal, o Reino Unido inclui no “corredor aéreo” Polónia, Grécia, República Checa, Hungria, Malta, Roménia, Bélgica, Países Baixos, Dinamarca e Chipre.

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Croácia, Áustria e a ilha de Trinidad e Tobago, nas Caraíbas, vão ser retiradas da lista a partir da madrugada de sábado devido ao crescente número de infeções, tal como tinha acontecido na semana passada com França, Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas Turcas e Caicos e Aruba, e anteriormente com Bélgica, Andorra, Bahamas, Espanha e Luxemburgo.

“Como acontece com todos os países com corredores aéreos, esteja ciente de que as coisas podem mudar rapidamente. Viaje apenas se estiver satisfeito com a quarentena inesperada de 14 dias, se necessário”, referiu Grant Shapps, ministro dos Transportes, falando no Twitter por experiência própria, pois teve de ficar 14 dias em isolamento ao voltar de férias em Espanha.

Escócia também confirmou a isenção de Portugal da quarentena, sendo incerto de País de Gales e Irlanda do Norte vão seguir a orientação do governo de Boris Johnson.

A imprensa britânica tem especulado sobre a possível remoção da Grécia e Suíça da lista dos “países seguros” devido ao aumento do número de infeções naqueles países, mas o anúncio feito esta quinte-feira pelo Ministério dos Transportes não mencionou estes países europeus.

“Para esta decisão muito contribuiu o intenso trabalho bilateral realizado”, diz Governo português

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros diz que “esta decisão é muito importante na medida em que permitirá repor a habitual mobilidade de pessoas entre Portugal e o Reino Unido, qualquer que seja o motivo das deslocações: turismo, exercício de atividades profissionais, motivos familiares, realização de estudos, intercâmbio académico ou outras”.

É, de facto, uma medida de particular relevância para os mais de 300 mil portugueses que residem no Reino Unido, bem como para os mais de 30 mil britânicos que escolheram Portugal para viver, bem como para as muitas centenas de estudantes portugueses em universidades britânicas e trabalhadores e quadros profissionais que têm de se deslocar regularmente entre os dois países.”

O MNE acrescenta que “para esta decisão muito contribuiu o intenso trabalho bilateral realizado, quer ao nível político, quer ao nível técnico”.

“Esse trabalho permitiu que toda a informação relativa à situação e evolução epidemiológica portuguesa tenha sido tempestivamente transmitida ao Reino Unido. É, também, o reconhecimento da evolução positiva da situação em Portugal, nomeadamente a capacidade para testar em larga escala, detetar os casos positivos, controlar a sua transmissão e tratá-los da forma mais adequada. Constitui também a evidência da capacidade de resposta do nosso Serviço Nacional de Saúde, que em nenhum momento deixou de garantir acompanhamento às pessoas infetadas com Covid-19”, afirma o Governo português.

Confederação do Turismo de Portugal aplaudiu medida de imediato

Pouco tempo depois de se conhecer a medida do governo britânico, a Confederação do Turismo de Portugal considerou “muito positiva” a decisão.

“É obviamente uma boa notícia para o Turismo, na medida em que o Reino Unido é o nosso principal destino emissor. Só peca por tardia, porque infelizmente os efeitos fizeram-se sentir com grande intensidade”, afirmou Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, em comunicado.