O líder do PS da Madeira criticou esta quinta-feira o “perigo” do “namoro político” entre o presidente do Governo Regional e o líder do Chega, considerando que evidencia um “falhanço político” e as “ambições políticas” de Miguel Albuquerque.

Temos estado a assistir a um namoro político entre Miguel Albuquerque [líder do PSD/Madeira e chefe do executivo madeirense] e André Ventura [anunciado candidato do Chega às presidenciais de 2021] num big brother político”, declarou Paulo Cafôfo à agência Lusa.

O presidente dos socialistas madeirenses comentava as notícias divulgadas na quarta-feira sobre uma carta enviada pelo líder demissionário e recandidato do Chega, André Ventura, ao presidente do Governo da Madeira, para o convidar a apoiar formalmente e integrar a sua candidatura à Presidência da República, nas eleições de janeiro de 2021.

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“É importante questionar o presidente do Governo Regional da Madeira se quer ser presidente do Governo, se quer governar a Madeira, se quer ser apoiante do Chega ou se quer ser Presidente da República”, argumentou Paulo Cafôfo. No entender do responsável do PS da Madeira, “Miguel Albuquerque tem andado a brincar à política”, tendo como objetivo “desviar a atenção dos verdadeiros problemas” que a Madeira está a atravessar na sequência da pandemia da Covid-19.

Cafôfo opinou que Albuquerque “na verdade não tem resposta para os problemas que a Madeira está a atravessar e está mais focado nas suas ambições políticas e em desviar a atenção daquilo realmente importa”, apontando o aumento do desemprego, a situação vivida no principal setor económico da região, o turismo. Complementou que Miguel Albuquerque “tem um modelo de desenvolvimento completamente ultrapassado e não há uma visão de futuro”.

Mas perguntamos se nesta aproximação ao Chega não será um reconhecimento de um falhanço político de Miguel Albuquerque ao abrir as portas à extrema direita, tentando ganhar o poder, mas abrindo aqui um vazio onde cabe tudo”, vincou o líder socialista insular, enunciando a xenofobia, a intolerância e o instigar de ódios.

Para o também deputado do PS na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, esta atitude de Miguel Albuquerque “põe em causa aquilo que foi construído em termos de princípios democráticos durante mais de 50 anos”. Por isso, concluiu que o presidente do executivo madeirense “é um desertor dos princípios democráticos”, assegurando que “o PS da Madeira será neste caso a garantia de que há princípios que são invioláveis e inalienáveis”.

Paulo Cafôfo destacou que o partido está determinado a impedir que “a extrema direita possa avançar, porque isso é extremamente perigoso” no atual no contexto de crise de saúde pública, económica e social devido à pandemia. “E não podemos estar a viver uma crise política com a abertura ao populismo, ao xenofobismo e ao ódio“, concluiu.