A forte chuva que está a cair na Guiné-Bissau poderá afetar cerca de 25 campos de cultivo de arroz, principal produto alimentar do país, disse esta sexta-feira à Lusa o diretor-geral da Agricultura, Malam Injai.

Um levantamento feito pela direção-geral liderada por Injai apontou que, se não forem adotadas medidas, pelo menos, 25 “bolanhas” (arrozais) de água salgada, um pouco por toda a Guiné-Bissau, poderão sofrer inundações. Segundo explicou o diretor-geral da Agricultura, as medidas passam pelo governo comprar e disponibilizar aos camponeses 300 tubos PVC para que possam drenar os campos de cultivo, muitos dos quais já com água a chegar ao limite do necessário.

Malam Injai afirmou ser urgente iniciar o trabalho de “gestão racional” da água nas “bolanhas” através de uma descarga orientada, caso contrário, avisou, muitos campos de cultivo de arroz não vão produzir. Nos últimos dois meses, a Guiné-Bissau tem sido fustigada por grande quantidade de chuva que tem inundado campos do cultivo, vilas e até várias zonas de Bissau, capital do país.

Tirando o excesso de água que poderá afetar algumas “bolanhas”, o diretor-geral prevê um “bom ano agrícola”, embora saliente que a campanha de cultivo foi iniciada “um pouco tarde”, já que foi aberta a semana passada, quando em condições normais ocorre entre maio e junho.

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A situação da pandemia da Covid-19, que motivou a declaração do estado de emergência sanitária pelas autoridades, esteve na origem do atraso na abertura do ano agrícola, admitiu o diretor-geral da Agricultura. Mesmo com o atraso na abertura do ano agrícola, Malam Injai destacou que o governo “providenciou importantes apoios” aos camponeses, nomeadamente sementes agrícolas, insumos de produção e pesticidas.

As sementes foram oferecidas à Guiné-Bissau pelo Senegal, num valor aproximado de cerca de dois milhões de dólares (cerca de 1,7 milhões de euros), de acordo com o ministro da Agricultura, Abel Gomes.

O diretor-geral da Agricultura da Guiné-Bissau falava à Lusa à margem da assinatura de um protocolo, em Bissau, entre o seu ministério e o do Ambiente e Biodiversidade, para a implementação do projeto “Agricultura Clima-Inteligente” no leste do país.