O governo do Afeganistão ordenou este sábado a destituição do líder da polícia de Cabul e de diversos subordinados de Amanullah Wahidi, face à sucessão de atentados bombistas nos últimos meses, com quatro ataques a ocorrerem nas últimas 24 horas.

“O chefe da polícia de Cabul foi demitido após a sua incapacidade de responder aos recentes lapsos de segurança, incluindo o recente aumento de explosões, assassinatos seletivos e ataques com foguetes”, adiantou à agência EFE um alto comandante da polícia do Ministério do Interior, que solicitou o anonimato.

Além de Wahidi, dois outros chefes de polícia distritais na capital e 16 dos seus subordinados foram demitidos, num esforço do executivo afegão para tentar reforçar o clima de segurança, cuja deterioração tem suscitado críticas e o aumento da insatisfação dos cidadãos. Segundo a fonte, a decisão veio das mais altas instâncias, nomeadamente do presidente afegão, Ashraf Ghani, e do Ministério do Interior.

Nos últimos três meses, as forças de segurança desativaram mais de 200 bombas e explosivos de fabrico caseiro em Cabul, de acordo com o porta-voz do ministério, Tariq Arian, que acrescentou que 11 rebeldes foram detidos em agosto por ligações à produção destes engenhos. Os ataques visam, sobretudo, membros das forças de segurança, funcionários governamentais, ativistas e líderes religiosos.

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Só este sábado ocorreram quatro explosões em várias partes da capital afegã, provocando a morte a duas pessoas e ferindo outras seis.

Tariq Arian atribuiu os ataques aos talibãs, que tinham prometido recentemente acabar os ataques bombistas, alegando que os rebeldes “querem exercer pressão psicológica e preocupar os cidadãos” afegãos.

Apesar destes ataques, tanto os talibãs como o governo afegão revelaram estar prontos para iniciar em breve conversações de paz, assim que o processo de troca de prisioneiros definido no histórico acordo de 29 de fevereiro, entre os Estados Unidos e os insurgentes, em Doha (Qatar), estiver concluído.

Os talibãs já libertaram mais de mil elementos das forças afegãs, enquanto o governo aprovou na última semana a libertação dos últimos 400 dos 5.000 prisioneiros exigidos pelos rebeldes.