Em apenas 19 dias, 96% dos idosos do lar em Reguengos de Monsaraz estavam infetados e, cinco dias após o primeiro caso, os utentes infeados e não infetados continuavam misturados, avança o Público, que cita o relatório preliminar da autoridade de saúde pública do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central. O surto em causa resultou na morte de 18 pessoas (16 utentes, uma funcionária e um homem, devido à propagação na comunidade).

Cinco dias após o primeiro caso de infeção, registado a 17 de junho, uma enfermeira incumbida pelo delegado de saúde local para visitar o edifício reportou que os utentes infetados e não infetados estavam ainda a ser separados e deu conta da existência de quartos com seis camas onde não era garantida a distância de segurança, bem como o facto de não existirem equipas distintas para cuidar dos utentes contagiados e não contagiados.

Segundo o jornal já citado, estes problemas tinham sido denunciados por email, no dia anterior à visita da enfermeira, pelos médicos de família do centro de saúde de Reguengos de Monsaraz. A enfermeira em questão confirmou as denúncias, incluindo a organização “confusa” do lar.

Os problemas assinalados no documento em questão, que ficou concluído a 29 de julho, foram comunicados à direção técnica do lar “para implementação de melhorias”. No relatório é ainda enfatizada a “grande dificuldade” em mobilizar médicos e enfermeiros para cuidar dos utentes infetados, sendo que “nos primeiros dias” houve “uma aparente sub-valorização do risco e complexidade do seguimento destes doentes”.

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O que falhou no lar de Reguengos? Tudo, diz o relatório da Ordem dos Médicos

Existem ainda disparidades entre este documento e o relatório da Ordem dos Médicos, considerando questões de cronologia. O jornal em questão salienta dois exemplos: segundo o novo relatório, o rastreio inicial aos utentes e funcionários do lar demorou dois dias, e não três, e a visita da enfermeira aconteceu a 22 de junho, um dia antes do que é referido no relatório da Ordem dos Médicos.