Dezenas de milhar de bielorrussos manifestaram-se este domingo em Minsk, capital da Bielorrússia, para exigir a saída do Presidente Alexander Lukashenko, reeleito a 9 de agosto, mas que enfrenta há semanas forte contestação.

A agência France Presse (AFP) descreve que, munidos de bandeiras brancas e vermelhas, as cores do protesto, os manifestantes reuniram-se na Praça da Independência e nas ruas circundantes, entoando slogans como “liberdade!”. Já órgãos de comunicação social ligados à oposição, que também têm feito relatos sobre manifestações semelhantes em outras cidades da Bielorrússia, falam em “mais de de 100 mil  manifestantes na capital bielorrussa”, num protesto que ocorre pelo segundo domingo consecutivo.

Em causa está a reeleição do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, o qual tem enfrentado manifestações diárias e um movimento de greve convocado pela oposição, desde que foram anunciados os resultados que lhe atribuíram 80% dos votos, contra 10% de Svetlana Tikhanovskaia.

Os manifestantes contestam os resultados, considerando-os “fraudulentos”, e denunciam “repressão brutal”, como descreve a AFP. “Se [Lukashenko] realmente ganhou a eleição, então por que é que tanta gente vai às ruas contra ele?”, questiona Yevgeny, um manifestante de 18 anos. Já Nikita, de 28 anos, refere que Lukashenko “quer que todos se dispersem e vivam como antes”, mas garante: “Nada nunca mais será igual”.

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Na semana passada, em Minsk, mais de 100 mil pessoas reuniram-se para exigir a saída de Lukashenko que está no poder há 26 anos no poder. Mas o presidente bielorrusso descartou a saída do cargo, conforme solicitado pela sua principal adversária na votação de 9 de agosto, Svetlana Tikhanovskaïa que após as eleições se exilou na Lituânia por medo ameaças, conforme relataram familiares.

Para este domingo está também agendado a formação de um cordão humano desde a capital da Lituânia até à fronteira com a Bielorrússia, um ato de solidariedade dos lituanos com os bielorrussos. O país acolhe muitos bielorrussos no exílio, nomeadamente a principal opositora de Lukashenko, Tikhanovskaia.

Lituanos e bielorrussos fazem cordão humano até à fronteira

União Europeia não quer que Bielorrússia seja uma “segunda Ucrânia”

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou este domingo que Bruxelas não quer converter a Bielorrússia numa “segunda Ucrânia”, referindo que é necessário negociar com o presidente Alexander Lukashenko.

Numa entrevista publicada no diário espanhol El País, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, afirmou que Bruxelas “não tem intenção de converter a Bielorrússia numa segunda Ucrânia”, referindo-se ao conflito com a Rússia após a anexação da Crimeia em 2014. “A tensão entre a Europa e a Rússia foi marcada com tiros, violência e uma desintegração do território ucraniano que ainda hoje perdura. O problema dos bielorrussos hoje não é escolher entre a Rússia e a Europa. Trata-se de escolher entre liberdade e democracia”, afirmou Josep Borrell.

O chefe da diplomacia europeia realçou que é necessário continuar o diálogo com Lukashenko, comparando com a situação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Maduro e Lukashenko estão exatamente na mesma situação. Não reconhecemos que foram eleitos legitimamente. Mas, queiramos ou não, eles controlam o Governo e devemos continuar a lidar com eles, embora não reconheçamos a sua legitimidade democrática”, explicou.