O bebé que nasceu em outubro do ano passado sem nariz, olhos e uma parte do crânio foi operado esta segunda-feira à hidrocefalia (acumulação anormal de líquido no interior do crânio), avança o Correio da Manhã. Rodrigo já saiu do bloco operatório e encontra-se acordado e estável.

A cirurgia foi marcada com carácter de urgência: a zona da cabeça do bebé que não tem osso rebentou na segunda-feira, segundo detalhou a madrinha ao jornal. “Esta cirurgia significa o tudo ou nada“, disse Tânia Contente, lembrando que a intervenção é “violenta até para um adulto”. Na sequência desta complicação, o bebé foi logo internado no hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde nasceu e outubro do ano passado. Nas quarta-feira, fez uma TAC e dois dias depois uma ressonância magnética — exames cujos resultados ditaram a realização da operação.

A equipa que o segue percebeu que a operação tinha de ser feita rapidamente”, afirmou a madrinha da criança.

A intervenção foi no hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde Rodrigo se encontra internado desde sexta-feira.

Rodrigo nasceu a 7 de outubro do ano passado sem olhos, nariz e parte do crânio — apesar de o prognóstico inicial lhe dar apenas algumas horas de vida, o bebé está prestes a completar 11 meses. A mãe tinha feito três ecografias com um obstetra que a seguia numa unidade privada em Setúbal — a clínica Ecosado localizada junto ao Hospital de São Bernardo — e nunca tinha sido avisada da existência de qualquer malformação no bebé. Os pais só foram alertados para essa possibilidade numa ecografia 5D feita numa outra clínica especializada, realizada já depois dos outros três exames. Face ao resultado preocupante, os pais questionaram o médico Artur Carvalho que os seguia, mas este terá garantido que estava tudo bem e eles terão ficado tranquilos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Três ecografias, zero malformações detetadas, um “erro grosseiro”. Como pode nascer um bebé sem rosto?

Assim que as complicações foram detetadas, os pais apresentaram queixa por ofensas à integridade física na forma agravada ao Ministério Público, que abriu um inquérito contra o médico. Segundo o CM, ainda não foram constituídos arguidos no processo que se encontra em segredo de justiça. Artur de Carvalho já tinha sido alvo de um inquérito também relacionado com um bebé que nasceu com malformações, em 2011, que acabou arquivado — e ao qual se juntam mais de uma dezena de queixas feitas contra ele a outras entidades, como a Ordem dos Médicos.

Malformações genitais, espinha bífida e só um rim. Diana é outro caso do médico de Setúbal