A CDU Açores considerou esta segunda-feira as contas da transportadora aérea SATA “tudo menos transparentes”, e acusou o Governo Regional e a administração do grupo de “dificultarem” o acesso à informação de uma empresa pública.

De acordo com uma nota de imprensa da coligação PCP-PEV, as contas e relatórios da SATA “são tudo menos transparente ou públicos, mas a SATA tem capital público”. Aquela força política questiona-se sobre “qual será, então, o motivo que leva a administração e o Governo Regional”, socialista, a “dificultarem tanto o acesso a estas informações”.

A CDU/Açores considera que uma “boa gestão que garanta a saúde económica e financeira do grupo SATA, e que simultaneamente promova uma adequada e correta gestão operacional da sua frota, tem de ser o objeto de qualquer política que se preocupe a sério com os Açores, com o seu desenvolvimento futuro e, acima de tudo, com os açorianos”.

Segundo comunistas e ecologistas, o que se tem assistido na gestão da SATA e no seguimento da política estratégica definida pelo Governo Regional para a empresa “está longe de tranquilizar”, sendo que o cenário que se apresenta “provoca uma inevitável inquietação em quem, como o povo açoriano, tanto depende desta companhia”.

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“De cada vez que são divulgados os relatórios e contas do grupo SATA, crescem as dúvidas e multiplicam-se as pontas soltas em relação à sua gestão financeira. Mas a administração e o Governo Regional, ao invés de serem corretos e transparentes quanto à estratégia de recuperação da SATA, afirmam que o conhecimento desta estratégia só provocaria ‘confusão significativa’ ou que ‘não está pronto'”, refere o comunicado.

Considerando ser “urgente corrigir as políticas adotadas para a empresa e para o setor, porque são elas, com o agravamento do surto de Covid-19, que estão inevitavelmente a conduzir a SATA ao desastre financeiro”, a CDU/Açores “continua a defender que a solução passa por se desenhar uma estratégia de crescimento e expansão que considere as dinâmicas do mercado do transporte aéreo”.

“Essa estratégia terá de passar forçosamente por uma reestruturação organizacional que responda de forma coordenada, ágil e eficaz às exigências competitivas deste mercado”, frisam os comunistas.

Em 18 de agosto, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um auxílio estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea açoriana SATA e abriu uma investigação para avaliar o cumprimento das normas comunitárias noutros apoios públicos à companhia.

“A Comissão Europeia aprovou, ao abrigo das regras de auxílio estatal da União Europeia (UE), uma verba de 133 milhões de euros em apoio à liquidez da SATA”, ajuda esta que “permitirá à empresa cumprir as suas obrigações de serviço público, prestar serviços essenciais e assegurar a conectividade da região ultraperiférica dos Açores”, anunciou o executivo comunitário em comunicado.

Porém, a instituição “abriu uma investigação para avaliar se certas medidas de apoio público de Portugal a favor da empresa estão em conformidade com as regras da UE sobre auxílios estatais a empresas em dificuldade”, indicou a nota de imprensa.