A província chinesa de Guangdong abriu esta terça-feira as inscrições para a emissão de vistos turísticos para Macau, suspensos desde o início da pandemia, considerados fulcrais para animar a economia da capital mundial do jogo, altamente dependente da China.

A partir de quarta-feira vão ser retomados os vistos individuais e de grupo de residentes de Guangdong para Macau, suspensos desde janeiro, e as inscrições para o processo arrancaram hoje, informou em comunicado o Gabinete Municipal de Segurança Pública desta província.

A emissão de vistos já tinha sido iniciado na cidade vizinha de Zhuhai, mas agora estendeu-se a toda a província e, assim, mais de 100 milhões de pessoas passam a estar isentas de uma quarentena obrigatória de 14 dias após entrarem em Macau. O processamento dos vistos é de sete dias úteis, explicaram as autoridades chinesas.

“A importância é grande, nem que seja em termos psicológicos para Macau. Já se percebeu que, com Zhuhai, o efeito na economia de Macau e em particular na indústria do jogo foi quase nulo”, afirmou esta terça-feira à Lusa o especialista na área do jogo Pedro Cortés.

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O advogado português da Rato, Ling, Lei & Cortés — Advogados frisou ainda que “resta saber se as pessoas que têm acesso aos vistos estão dispostas a vir a Macau desde já”.

“Por outro lado, a questão da saúde não pode deixar de ser levada em conta. Esperar para ver parece ser o mote para os próximos tempos”, concluiu.

Também a partir de quarta-feira, os carros com dupla matrícula de Guangdong e Macau passam a poder atravessar as fronteiras das duas regiões.

Apesar do alívio nas últimas semanas em todo o território da China, à exceção de Hong Kong, onde o surto não está ainda controlado, todas estas medidas dizem apenas respeito apenas a cidadãos chineses.

Macau foi dos primeiros territórios a ser atingido pela pandemia e, apesar de só ter identificado 46 casos e de não ter registado qualquer transmissão comunitária, a economia está há mais de seis meses praticamente paralisada, fruto das restrições à entrada no território que, em 2019, recebeu quase 40 milhões de visitantes. A esmagadora maioria dos visitantes de Macau é proveniente do interior da China. Destes, cerca de metade chega da província vizinha, Guangdong.

Os números mais recentes apontam que nos primeiros sete meses do ano as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8% e para uma queda de 58,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre.

“A China representa mais de 90% das receitas. Desse montante, Guangdong é responsável por 80%”, explicou à Lusa Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, em meados de julho, referindo-se às receitas dos casinos do território.

Ainda assim, mesmo com o alívio fronteiriço, as medidas de contenção da epidemia continuam em vigor em Macau: quem entrar no território e nas salas de jogo dos casinos tem de mostrar um teste negativo à Covid-19, com as autoridades a aconselharem o uso de máscara, a lavarem as mãos e ainda a promoverem o distanciamento social.

Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de setembro.