O imobiliário de rendimento atingiu o máximo de 1.700 milhões de euros transacionados, nos primeiros seis meses do ano, um valor nunca antes alcançado no primeiro semestre de anos anteriores, divulgou esta terça-feira a CBRE.

Esta é uma das conclusões da análise do departamento de pesquisas da consultora imobiliária CBRE, que fez um balanço do primeiro semestre do “atípico ano de 2020”, fazendo ainda a projeção do mercado até ao final do ano.

Em comunicado, a CBRE refere ainda que cerca de metade do volume de investimento reportado foi alocado a ativos de retalho, 27% a hotéis e 22% a escritórios.

A consultora destaca “três grandes negócios” que contribuíram para os resultados obtidos naquele período: a aquisição por parte da seguradora francesa Allianz e do fundo de pensões Finlandês Elo de 50% do Sierra Fund que integra os centros comerciais Colombo, CascaiShopping, NorteShopping e Vasco da Gama; a compra do portefólio de 10 hotéis Real Palácio pelo grupo Palm Invest e ainda um portefólio de oito edifícios de escritórios pela Cerberus.

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“O mercado de investimento em imobiliário em Portugal manteve um forte dinamismo ao longo do primeiro semestre de 2020, mesmo com o impacto visível causado pela pandemia de covid-19”, aponta a entidade.

No entanto, o diretor geral da CBRE, Francisco Horta e Costa, sublinha que foram os resultados alcançados num “primeiro trimestre forte” que permitiram atingir o valor recorde do semestre.

O setor dos escritórios demonstrou um decréscimo na ocupação de 24%, no primeiro semestre de 2020, face ao período homólogo de 2019, ainda assim foram celebrados alguns negócios, iniciados antes da pandemia, que permitiram assegurar parte do comportamento deste segmento, com destaque para o arrendamento de 16.500 metros quadrados (m2) no Monumental, em Lisboa, pelo BPI e a aquisição, para ocupação própria, dos edifícios Natura Towers, com 10.500 m2, pela Cofidis.

Já relativamente aos espaços para comércio, a CBRE observou um “mercado a duas velocidades”: por um lado os ‘retail parks’ e o comércio de rua de bairro, que beneficiaram de uma maior procura, em contexto de pandemia, e, por outro, os centros comerciais, que demoraram mais tempo a reabrir, e as zonas de comércio ‘prime’, as mais afetadas devido à dependência do turismo estrangeiro.

Neste último caso, a CBRE diz ser previsível “um acréscimo de disponibilidade de lojas”, ao longo dos próximos meses, “devido a falências de negócios ou em novos espaços de edifícios cujas obras de reabilitação estavam em curso antes da pandemia”.

O setor logístico registou uma ocupação de 46.000 m2 no primeiro semestre, um nível de absorção idêntico ao do período homólogo dos últimos dois anos, apesar de um aumento do comércio ‘online’ durante o confinamento.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.

Os efeitos da pandemia já se refletiram na economia portuguesa no segundo trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 16,5% face ao mesmo período de 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

MPE // EA

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