A comissão coordenadora distrital do Bloco de Esquerda de Bragança denunciou um foco de poluição no rio Douro, que afinal é no rio Tua, em Carrazeda de Ansiães, que as autoridades suspeitam tratar-se de um fenómeno natural.

A distrital do Bloco divulgou um comunicado acompanhado de fotografias, na terça-feira, a informar que denunciou às entidades competentes, nomeadamente a Agência portuguesa do Ambiente (APA) e ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR de Carrazeda de Ansiães) “um foco de poluição no Rio Douro, no Lugar do Vale Coelho, em Vilarinho da Castanheira, concelho de Carrazeda de Ansiães”.

O gabinete de Relações Públicas do Comando Distrital de Bragança da GNR confirmou esta quarta-feira à Lusa que recebeu a denúncia e que os militares da Guarda se deslocaram ao local constatando que a situação não é no rio Douro, mas no rio Tua e que se suspeita tratar-se de um situação idêntica à ocorrida em 2017, em Mirandela no mesmo rio, provocada por um fenómeno natural.

O Bloco de Esquerda (BE) deu conta de que foi alertado “por um popular que tirou as fotos” no final da tarde de segunda-feira, e que elementos da comissão coordenadora distrital “dirigiram-se ao local, onde encontraram” o cenário relatado, “embora as manchas mais pequenas se tenham dissipado”.

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“A água encontra-se com manchas azuis e brancas e alguma espuma, como se pode verificar nas fotografias, sendo mais notórias na margem direita do Rio Douro”, refere o partido, no comunicado.

A GNR indicou que no local, Vilarinho da Castanheira, constatou que existiam “manchas esverdeadas” no referido troço do rio Tua, que pensava-se ser poluição, mas aparentemente deverá ser matéria orgânica gerada naturalmente nas águas paradas.

De acordo com as Relações Públicas, os militares da GNR recolheram água para análise, percorreram as margens do rio, a montante, e não verificaram qualquer tipo de poluição ou descarga.

A GNR está a investigar em articulação com a APA e os técnicos da agência suspeitam que se trata do mesmo fenómeno ocorrido em 2017 no rio Tua, na cidade de Mirandela. A GNR teve também conhecimento de que, no último fim de semana, as manchas no rio foram detetadas na zona de Carrazeda de Ansiães e também a montante em Abreiro, no concelho de Mirandela.

No mesmo dia em que a comissão coordenadora distrital de Bragança fez a denúncia relativa a Carrazeda de Ansiães, a deputada do Bloco de Esquerda, Maria Manuel Rola, apresentou na Assembleia da República um pergunta ao Governo sobre o “possível fenómeno de eutrofização do rio Tua“, na zona de Abreiro. A eutrofização é um processo que pode ocorrer nos rios devido à acumulação de matéria orgânica natural, como algas, ou descargas poluidoras, nomeadamente de esgotos.

A deputada do BE lembra, na exposição ao Ministério do Ambiente, episódios de “vários atentados ambientais nos últimos anos” no rio Tua, como a mortandade de peixes, em 2017, junto a Frechas (Mirandela), ou as manchas de óleo no dia seguinte atribuídas a uma fábrica de extração de óleos na zona. A parlamentar refere depois “a água com uma cor verde em centenas de metros de extensão do rio, perto da localidade de Abreiro (Mirandela)”, registada por um popular a 22 de agosto.

Na iniciativa parlamentar, o BE alerta que “esta ocorrência poderá estar associada com esses episódios de poluição anteriores que poderão ter levado à eutrofização do rio, o que compromete a sua biodiversidade e o ecossistema fluvial”.

“Neste sentido, é necessário aferir da monitorização dos fenómenos biológicos e das suas causas que poderão indiciar problemas graves na capacidade regenerativa deste curso de água, ainda mais tendo em conta o histórico de agressões”, acrescenta.

O BE pergunta ao Ministério do Ambiente se tem conhecimento desta ocorrência, se a APA tem monitorizado o Tua e afluentes, quais os resultados dessas ações, se um relatório e plano de intervenção para recuperação do rio e quantos Títulos de Utilização Hídrica estão concedidos e em que modalidades.