A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu esta quinta-feira um “investimento determinado” na ferrovia do interior do país, para que o transporte ferroviário seja “o transporte habitual das pessoas”.

“Nós temos um enorme problema de ligações e de mobilidade no interior do país. E o BE está muito preocupado com os investimentos que vamos fazer e com a resposta que é dada ao interior”, disse Catarina Martins aos jornalistas no final de uma viagem de comboio regional entre Guarda e Mangualde (Viseu), na Linha da Beira Alta.

A líder nacional do BE andou de comboio para “chamar a atenção para a ferrovia e para a mobilidade no interior, precisamente porque o país está a tomar decisões muito importantes sobre os grandes investimentos”.

Segundo Catarina Martins, o plano de investimento apresentado pelo Governo, que foi pedido ao consultor António Costa Silva, “olha para o interior e vê minas e eucaliptos”.

“O BE olha para o interior e vê gente que aqui vive. E vê gente que quer aqui viver, se puder, e se tiver condições. E isso significa que tem de haver um investimento determinado na ferrovia do interior para servir as populações do interior e, na mobilidade, nos transportes, de uma forma geral”, justificou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lembrou que o BE apresentou já há algum tempo um plano ferroviário nacional para todo o país “que dava muita importância a ligar todo o país pela ferrovia”.

“A nossa ideia é que todas as capitais de distrito têm de estar ligadas pela ferrovia e que o transporte ferroviário deve ser o transporte habitual das pessoas”, explicou.

Referiu que em Portugal, “apenas cerca de 5% dos passageiros e das mercadorias viaja pelam de ferrovia”.

Em sua opinião, a ferrovia “é o transporte do futuro do ponto de vista ambiental, do ponto de vista económico” e é necessário “aumentar muito este investimento”.

“E, agora, que estão a ser planeados investimentos na ferrovia, o que vemos é que mais uma vez o interior parece ficar para trás nestes investimentos. E para nós [BE] tem, de ser uma prioridade. Quem vive no interior não tem praticamente transportes públicos. A ferrovia é pouca, autocarros não existem, e as populações ficam isoladas e sem transportes”, rematou.

A coordenadora do BE disse ainda que as pessoas do interior pagam as portagens “mais caras do país”, não têm autocarros e “o investimento na ferrovia está constantemente atrasado e também não é uma resposta”.

Por isso, o BE considera que no momento em que se fazem “escolhas determinantes” para o país vencer a crise causada pela Covid-19, a ferrovia e os transportes no interior “são essenciais”.

Nesta altura, sublinhou, o país também deve responder ao desemprego “e à forma como ele aumentou”, apoiando quem perdeu o salário e o rendimento.

“Acabar com os desmandes do Novo Banco” e um Serviço Nacional de Saúde que funciona “não só para responder à Covid, mas para responder a tudo o resto”, são outras das ideias defendidas por Catarina Martins.