André Ventura chegou ao local do comício, o Medusis Club, em Loulé, acompanhado por dois seguranças que não se afastaram do candidato presidencial por um minuto que fosse. Jantaram a poucos metros de Ventura e até durante o discurso para os cerca de 350 convidados, um dos seguranças permaneceu exatamente atrás durante toda a intervenção. A controlar a circulação automóvel junto ao local estava a GNR, num local que não é desconhecido para as autoridades que ali interromperam, a 16 de agosto, uma festa ilegal com mais de 200 pessoas.

Já para antecipar quaisquer problemas, Hugo Renito, gerente do espaço noturno, conta ao Observador que na tarde que antecedeu ao comício do Chega pediu à GNR de Loulé para se deslocar ao local e para eles avaliarem se estavam garantidas todas as recomendações da Direção-Geral de Saúde devido à pandemia. Segundo Renito a GNR deu parecer positivo e o comício decorreu sem qualquer incidente.

Questionado sobre quantas pessoas estiveram no jantar-comício do partido de Ventura Hugo Renito diz não saber porque foi contratada uma empresa de catering externa ao espaço e que não esteve lá durante toda a noite. O proprietário do espaço garante ao Observador: “Com as recomendações da DGS este meu espaço pode levar até 700 pessoas mas ontem não sei quantas tinha”.

No entanto as críticas ao espaço por ter recebido um evento do Chega fizeram-se ouvir e em grande quantidade nas redes sociais. Na plataforma Tripadvisor os comentários de repúdio ao espaço são às dezenas: “Local acolhedor para fascistas. Quem recebe comícios do Chega é porque não sabe filtrar clientela. Não, obrigado”.

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Há, no entanto, também utilizadores que aplaudem aquele espaço algarvio por não ter tido “medo” de receber um evento do Chega: “Por mais locais assim no nosso Portugal, de modo a garantirmos a preservação da democracia. É um espaço democrático”.

Hugo Renito diz não ter “qualquer problema” com este tipo de comentários maus ao seu espaço. “Sou suíço, não tenho partido. Ontem foi o Chega amanhã podia ser outro qualquer. Estou a investir em coisas deste género”.

Também no local uma dezena de pessoas, todas vestidas de preto, juntaram-se do lado de fora do local do evento acusando Ventura e o Chega de promoverem o fascismo em Portugal. A GNR dispersou os manifestantes sem qualquer incidente.

Horas intermináveis para ver e ouvir Ventura

No convite enviado aos militantes a hora indicada era 19h00 e foi a essa hora que começaram a chegar as primeiras pessoas e, por isso, criaram rapidamente uma fila de dezenas de pessoas. A entrada era demorada porque toda a gente era obrigada a medir a temperatura e a desinfetar as mãos.

A chegada prevista para o presidente do partido era por volta das 20h00 mas só cerca de 40 minutos depois o candidato presidencial chegou. Quem esperou 40 minutos para ver e falar com André Ventura ainda não tinha visto nada.

O jantar estava marcado para as 21h00 e o discurso de Ventura para “por volta das 22h00” mas o deputado único do Chega só subiu ao palanque já no dia 27 de agosto, ou seja, já passava das 00h00 quando o discurso começou. “Jantamos, fazemos a digestão, dá-nos o sono e ainda não ouvimos o Ventura”, exclamou uma militante aos (poucos) jornalistas ainda presentes àquela hora.

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