A Rússia está a preparar-se para aprovar uma segunda vacina contra a Covid-19. Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra russa, revelou durante uma reunião do governo, transmitida pela televisão, que os primeiros ensaios clínicos deverão estar terminados no final de setembro. “Até hoje, não houve complicações entre os vacinados na primeira e segunda fases da testagem”, afirmou a governante, citada pela Reuters.

A nova vacina russa está a ser desenvolvida pelo Instituto Vector (Centro de Investigação Estatal de Virologia e Biotecnologia), na Sibéria, e surge menos de um mês depois de a Rússia ter aprovado a primeira vacina contra a Covid-19 — Sputnki V —, apenas dois meses depois de ter sido testada pela primeira vez em humanos.

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Dmitry Kulish, professor do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia (Skoltech), já tinha informado o Observador sobre o desenvolvimento desta vacina, acrescentando que o instituto iria transferir a tecnologia para a empresa Biocad, que “tem a melhor capacidade farmacêutica da Rússia”, Kulish não participa no desenvolvimento desta vacina, mas conhece os investigadores envolvidos. E acrescenta que até ao início do próximo ano podem estar quatro vacinas aprovadas na Rússia.

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Na semana passada, o diretor do Centro de Microbiologia e Epidemiologia Gamaleya, Alexandr Ginzburg, anunciou que a vacinação voluntária em massa deverá arrancar em setembro.

As autoridades russas têm frisado a eficácia e segurança da “Sputnik V” (assim batizada em homenagem ao primeiro satélite lançado pela União Soviética), e Vladimir Putin até revelou que uma das suas filhas tinha sido vacinada. Contudo, as autoridades de saúde internacionais têm mostrado reticências em recorrer à cura desenvolvida pela Rússia.

Esta semana, Organização Mundial de Saúde (OMS) adiantou que ainda está à espera que a Rússia partilhe os dados referentes à eficácia e segurança da vacina. “Estamos em diálogo com as autoridades russas para conhecer melhor a sua vacina candidata e já solicitamos os dados sobre a eficácia e segurança”, disse na segunda-feira a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan. “Esperamos discutir com as autoridades russas, analisar os dados disponíveis e discutir sobre os requisitos e estudos complementares e sobre os estudos que possam ser necessários”, afirmou ainda.

Na verdade, na lista de vacinas em estudo disponibilizada pela OMS, e atualizada todas as semanas, o Instituto Gamaleya só tem registados os ensaios clínicos de fase 1 — aqueles para os quais foram anunciados resultados, sem haver no entanto publicação dos mesmos — e, recentemente, o Instituto Vector também terá declarado a realização de ensaios clínicos de fase 1 sem, contudo, prestar qualquer informação sobre os mesmos.

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Atualmente, a OMS tem registadas 31 candidatas a vacina contra a Covid-19, em fases distintas dos ensaios clínicos. Estão registados 36 ensaios clínicos de fase 1, 24 de fase 2 e 9 de fase 3. Há ainda 140 vacinas candidatas que ainda estão na fase de desenvolvimento laboratorial ou a serem testadas em animais.

Atualizado às 12h30