A abertura do corredor aéreo com o Reino Unido está a provocar longas filas na zona de controlo de chegadas do aeroporto de Faro, no Algarve, uma situação que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) atribui a imposições da ANA Aeroportos e que a ANA diz dever-se à “falta de recursos” do SEF e a falhas nos equipamentos operados por este.

Em declarações ao Expresso, o SEF explicou que “o controlo documental de passageiros” está atualmente a funcionar, “por determinação da ANA Aeroportos, na chamada ‘zona de inverno’, que não se encontra adequada a receber o exponencial crescimento do número de passageiros (+190%), após a abertura do corredor aéreo com o Reino Unido”, encerrado devido à pandemia do novo coronavírus.

Esta “contempla apenas cinco posições de controlo documental de passageiros na área de chegadas, não tendo a ANA Aeroportos ainda aberto a ‘zona de verão’ que contempla dez posições de controlo que permitiriam garantir maior celeridade no controlo de fronteira”, declarou o organismo. À Rádio Observador, fonte oficial do SEF disse que a resposta que o organismo tem recebido da parte da ANA é que não será aberta uma nova sala para as verificações dos documentos de identidade de quem chega ao Algarve, mas as negociações continuam.

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Já a ANA Aeroportos lamentou a “falta de recursos” do SEF e o seu “impacto negativo nos passageiros que chegam ao aeroporto de Faro”, alegando que os equipamentos de controlo eletrónico, da responsabilidade do organismo, “não estão em funcionamento”. Ao Expresso, disse ainda que ia procurar esclarecer junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras “quais as razões para este tipo de ocorrência”.

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SEF vai reforçar controlo de chegadas com mais dez inspetores

A notícia de que tem havido filas no aeroporto do Algarve foi motivada por uma fotografia, partilhada nas redes sociais, que mostra várias dezenas de pessoas concentradas na zona das chegadas do terminal. Apesar de admitir a inadequação do espaço utilizado para o efeito, o SEF garantiu ao Expresso que o que se vê na imagem é uma situação “pontual e circunscrita”, “registada em apenas uma hora”, no dia 26 de abril, quarta-feira, e que houve entretanto um reforço de mais 12 inspetores no aeroporto algarvio.

À Rádio Observador, fonte oficial do organismo adiantou que, além destes 12 inspetores, haverá outros dez a trabalhar no controlo de chegadas a partir do dia 1 de setembro, terça-feira. Vão ainda entrar em funcionamento 16 portas de nova geração para garantir um controlo de fronteira em menos de 20 segundos. Oito serão colocadas na zona das partidas e oito na das chegadas.

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Autarca diz que havia “todas as condições” para evitar sucedido

O presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, considerou que “havia todas as condições para se prever” o aumento do número de turistas britânicos e para evitar o sucedido. Em declarações à Rádio Observador, o autarca lamento os “constrangimentos” e exortou a ANA e o SEF a conversarem para que “as coisas sejam repostas rapidamente”.

Rogério Bacalhau disse saber que, “da parte do aeroporto, as coisas estão preparadas” e que o principal problema no terminal de Faro é a “falta de inspetores”. “Ontem só lá estavam dois, são pelo menos necessários cinco ou seis”, afirmou o presidente da Câmara de Faro. “Os voos estavam programados. Sabia-se os voos, o número de passageiros. Alguém falhou”.

O autarca espera que a normalidade seja resposta o mais rapidamente possível e que a situação não se repita.

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Artigo atualizado às 10h48