Após cinco derrotas e outros tantos empates em jogos de pré-temporada (dois ainda de 2018/19, seis em 2019/20 e mais dois na presente época), o Sporting voltou a ganhar nesta fase de testes. E se os resultados nesta fase são das coisas menos importantes, a forma como conseguiu inverter a desvantagem neste jogo treino no Portimão Estádio no Algarve com o Portimonense, já com uma nova equipa em campo, acabou por ser a grande “vitória” (2-1).

Pedro Gonçalves, o “chatinho” para os adversários que viveu com Rúben Neves e agora vai ser reforço do Sporting

Depois de uma primeira parte onde os leões praticamente não tiveram oportunidades (algo que se prolongou quase até aos 70 minutos, com um penálti de Sporar pelo meio), e onde foram os algarvios, com Beto, a terem a grande chance evitada por Luís Maximiano antes da recarga às malhas laterais – Anderson também tinha rematado ao lado com perigo –, as entradas de Pedro Gonçalves, de Nuno Mendes ou de Jovane Cabral deram outra dinâmica ao conjunto verde e branco no último terço, com o antigo jogador do Famalicão, colocado como falso ala esquerdo mas a jogar várias vezes por dentro ou a ir buscar jogo mais atrás, a mostrar que pode ser um reforço importante para Amorim pela qualidade, pela versatilidade e pela inteligência tática que já mostrou na última época.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ONZE INICIAL (3x4x3). Luís Maximiano (Adán, 46′); Luís Neto (Gonçalo Inácio, 70′), Coates (Eduardo Quaresma, 70′), Feddal (Borja, 70′); Pedro Porro (Ristovski, 70′), Rodrigo Fernandes (Daniel Bragança, 70′), Wendel (Matheus Nunes, 70′), Antunes (Nuno Mendes, 70′); Gonzalo Plata (Pedro Gonçalves, 70′), Nuno Santos (Jovane Cabral, 70′) e Sporar (Tiago Tomás, 70′)

Golos: Lucas Possignolo (54′, g.p.), Sporar (65′, g.p.) e Tiago Tomás (75′)

O MELHOR. O encontro não teve propriamente muitos motivos de destaque para os leões e o melhor que se pode dizer é que existe um prolongamento da ideia tática e de jogo da equipa com Rúben Amorim. De resto, e ao longo de 70 minutos, o período em que jogaram os dez jogadores de campo iniciais, houve alguns bons pormenores de Nuno Santos, a tentativa de Rodrigo Fernandes mostrar serviço e a presença de Sporar, que muitas vezes parece perdido numa ilha isolada na frente mas que raramente se afunda por essa circunstância quando é chamado ao jogo. A seguir a todas as mudanças, o destaque foi para Pedro Gonçalves. Pote, como também é conhecido, está a pisar terrenos mais desconhecidos como um falso ala esquerda nos três da frente mas consegue fazer a diferença pela inteligência tática em explorar profundidade ou jogar por dentro, como aconteceu na jogada que valeu o 2-1 ao Sporting com uma boa assistência para Tiago Tomás encostar para a baliza ao segundo poste.

O PIOR. Não fosse a falta de intensidade e uma maior fadiga fruto das maiores cargas físicas na fase de preparação que a equipa atravessa, e que se nota bem na anormal quantidade de passes falhados ou ligações anuladas, e este podia ser um Sporting de Rúben Amorim ainda na última temporada. Nos processos, na ideia, nos movimentos. Com uma pecha fulcral, acima de todas as outras, em largos momentos do jogo: a equipa tem posse, consegue sair a jogar a partir de trás mas encontra inúmeras dificuldades no último terço para criar ocasiões. Exemplo prático? Ao longo dos primeiros 60 minutos houve um cabeceamento de Neto ao segundo poste ao lado, um remate fraco de Gonzalo Plata em boa posição na área e nada mais. Se em termos defensivos a própria experiência da linha de três centrais consegue conferir outras garantias, é na parte ofensiva que entronca grande parte do trabalho futuro.

O JOKER. Antunes foi lançado como titular a fazer o lado esquerdo, o mesmo se passando com outro reforço, Pedro Porro, na direita. Em relação ao espanhol, não fez muito para se “tirar a pinta” – o melhor é mesmo esperar, até porque aquele jogador que se destacou pelo Girona há duas épocas tem pouco a ver com este. No que toca ao português, que cumpriu uma longa paragem após operação ao joelho no Getafe, mostrou que pode ser uma solução interessante para garantir a competitividade numa equipa que está prestes a perder Acuña e tem Nuno Mendes em época de dar o salto depois das boas indicações nos últimos jogos de 2019/20: cumpriu no plano defensivo, tentou sempre que possível incorporar-se no ataque permitindo a Nuno Santos jogar mais por dentro e com o apoio de Rodrigo Fernandes ou Wendel e mostrou que pode ser uma mais valia também nas bolas paradas.

A CURIOSIDADE. A saga começou nos dois últimos jogos de preparação da temporada de 2018/19, ainda com José Peseiro no comando, com uma derrota com o Estoril (2-1) e um empate com desaire nas grandes penalidades frente ao Empoli no Troféu Cinco Violinos (1-1, 5-4). Depois, com Marcel Keizer no comando da formação verde e branca, teve prolongamento em 2019/20, com três derrotas (Rapperswil-Jona, 2-1; Estoril, 1-0; e Valencia, 2-1 no Cinco Violinos) e três empates (St. Gallen, Club Brugge e Liverpool, todos 2-2). Agora, com Rúben Amorim, uma derrota num jogo treino com a equipa B (2-0) e outra com o Farense (2-1). Esse foi o dado novo que quebrou uma série que conta pouco ou nada em termos oficiais mas que se prolongava até esta noite: dez jogos depois, uns com transmissão televisiva e outros à porta fechada, o Sporting voltou a ganhar na pré-temporada.