A agência de notação financeira Standard & Poor’s anunciou esta sexta-feira que piorou a perspetiva de evolução da economia de Cabo Verde para negativa, mantendo o ‘rating’ do país em B (‘lixo’), abaixo do nível de recomendação de investimento.

“Apesar de as relações com os doadores continuarem muito fortes, as consequências económicas da pandemia da Covid-19 vão causar perturbações macroeconómicas significativas na economia de Cabo Verde, que é muito dependente do turismo“, lê-se na nota divulgada esta noite.

“Por isso, estamos a rever a perspetiva de evolução da economia [‘outlook’] de estável para negativa”, anuncia-se no texto, que assim confirma que o ‘rating’ de Cabo Verde deverá ser revisto em baixa nos próximos 12 a 18 meses. Ainda assim, os analistas da S&P decidiram manter, por agora, a opinião sobre a qualidade do crédito soberano de Cabo Verde em B, abaixo do nível de recomendação de investimento, ou ‘lixo’, como é geralmente conhecido.

“O ‘outlook’ negativo reflete a possibilidade de, nos próximos 12 meses, a pandemia da Covid-19 poder pressionar significativamente os grandes desequilíbrios orçamental e externo, para além do nosso cenário base”, dizem os analistas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na justificação da decisão, a S&P escreve que “a súbita paragem no turismo e nas viagens internacionais faz prever que o défice da balança corrente e o défice orçamental ultrapassem os dois dígitos este ano, e que o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] sofra uma contração de 8,5%, uma das maiores quedas da história da independência de Cabo Verde”.

Justificando a manutenção do ‘rating’ e a degradação, ao mesmo tempo, da perspetiva de evolução da economia, a S&P argumenta que “apesar das expectativas sombrias para 2020, a manutenção do ‘rating’ é sustentada no cenário base, que assume uma recuperação sustentada em 2021”, ao passo que “a revisão do ‘outlook’ para negativa reflete os riscos negativos sobre esta previsão”.

Em particular, acrescentam, está a ideia de que uma recuperação acima da média, no seguimento de um regresso do turismo internacional, “não está garantida, o que coloca em causa” o cenário central da agência de “uma dívida pública líquida a atingir o pico de 125% do PIB este ano e uma recuperação gradual daí em diante”.

Relativamente ao cenário macroeconómico, a S&P estima, depois de uma recessão de 8,5% este ano, um crescimento de 6,2% em 2021 e uma dívida pública a descer de 13,8% do PIB este ano para 137% em 2021.

Cabo Verde registou mais 47 infetados pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, elevando o total acumulado a 3.745 casos da doença, revelou hoje o Ministério da Saúde.

O país africano passa assim a contar com um acumulado de 3.745 casos da doença desde 19 de março, quando foi diagnosticado o primeiro doente com Covid-19, distribuídos por oito das nove ilhas habitadas.

Desse total, 38 morreram e 2.807 foram dados como recuperados, enquanto dois cidadãos estrangeiros infetados foram transferidos para os países de origem, segundo os dados do Ministério da Saúde.

Em África, há 28.850 mortos confirmados em mais de 1,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 832 mil mortos e infetou mais de 24,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.