O Ministério das Relações Exteriores da Bielorrússia retirou as credenciais a 17 jornalistas de meios estrangeiros no país, no meio da crise política que atravessa esta nação, informou este sábado a Associação de Jornalistas da Bielorrússia (APB).

A APB sublinhou que foi retirada a autorização para informar a quatro jornalistas da Rádio Liberdade.

Retiraram-se também as credenciais a dois correspondentes da agência francesa AFP, a três da alemã ARD, a dois da Associated Press, a dois da Reuters, a um da RFI e a outro do canal norte-americano em idioma russo Nastoyascheye Vremia.

Alguns deles, cidadãos russos, foram expulsos do país.

Deste modo, o Presidente Alexandr Lukashenko começa a cumprir as promessas feitas em julho, de encurtar o passo aos media estrangeiros, que acusa de “tendenciosos” e de incentivarem os protestos relacionados com a sua reeleição.

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“Expulsem-nos se não cumprem as nossas leis e levam o povo a protestar”, ordenou o Ministério do Interior, entidade encarregada de regular o trabalho dos media estrangeiros.

Na quinta-feira, a polícia bielorrussa deteve meia centena de jornalistas, muitos dos quais foram libertados posteriormente, mas alguns ficaram à espera de julgamento e foi anunciada a deportação do jornalista sueco Paul Hansen, que não poderá regressar à Bielorrússia durante cinco anos.

Perante esta situação, a APB exigiu ao Comité de Investigações do país que inicie um processo legal por obstrução ao trabalho dos jornalistas, delito contemplado na legislação bielorrussa.

A organização exigiu o afastamento dos responsáveis, já que “a manterem-se nos seus cargos, obstaculizam a investigação prévia e o processo legal” e continuarão este tipo de atividades “criminais”.

“Os agentes da polícia destruíram deliberadamente os vídeos gravados, que pertencem por direito de autor aos jornalistas e aos órgãos de imprensa. Tudo isto foi acompanhado por ameaças de danificar ou destruir o equipamento dos profissionais”, adiantou a APB.

Desde as eleições presidenciais de 09 de agosto, em que segundo os dados oficias ganhou o atual mandatário, Alexandr Lukashenko, no poder desde 1994, com 80,1% dos votos, os resultados denunciados como fraudulentos pela oposição têm transformado a Bielorrússia no cenário da maior onda de contestação da sua história.