Depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter pressionado a Direção-Geral da Saúde (DGS) a revelar as orientações para o Avante (o que a autoridade de saúde recusou fazer), Luís Marques Mendes junta-se ao coro de críticas. O comentador da SIC defende que o documento “devia ser público” e que “está criada a ideia de um tratamento de favor na opinião pública, de uma troca de favores” entre o PCP e o Governo. Essa ideia só pode ser ultrapassada, argumenta, se as regras forem divulgadas

Isso só vai dar asneira. Não é uma questão política, não é contra o PCP, é uma questão de saúde pública. Há uma questão que vai ser péssima para quase todos os dirigentes do Estado. Está criada a ideia de um tratamento de favor na opinião pública, de uma troca de favores entre o PCP, por um lado, e o Governo e a DGS, por outro. Isto só se afasta se puserem cá fora uma decisão com os critérios que foram adotados”, afirmou. Marques Mendes considera mesmo que o PCP “em termos de reputação, vai pagar um preço“.

Já a DGS sujeitou-se a “um puxão de orelhas monumental” do Presidente da República. Este domingo, Marcelo Rebelo de Sousa criticou a DGS por não divulgar as regras e disse estar preocupado com a falta de clareza, aumentando, assim, a pressão sobre a entidade liderada por Graça Freitas. Horas depois, em comunicado, a DGS informou que enviou este domingo o parecer técnico final com as regras ao PCP, mas frisou que não vai divulgar o documento, remetendo para a organização.

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Marques Mendes voltou a defender que o evento do PCP, que começa na sexta-feira, não devia realizar-se este ano, devido à parte não política (dos festivais).

O social-democrata classificou ainda como “positiva” a retoma das reuniões do Infarmed, com especialistas, autoridades de saúde, classe política e parceiros sociais. Só que Marques Mendes não concorda com o novo modelo — a primeira parte das reuniões, em que os especialistas fazem exposições iniciais, vai passar a ser aberta à comunicação social, sendo fechada na parte das perguntas. “Parece muito mau que o Governo não aceite que a segunda parte seja pública. Parece que têm medo de ouvir os partidos”, critica, até porque, considera, a segunda parte “é que é realmente importante”.

“Não vamos ter crise política. Acho que isto tudo é teatro”

Marques Mendes diz que ficou “surpreendido” com a entrevista de António Costa ao Expresso, em que o primeiro-ministro disse que se não houver um acordo à esquerda no próximo orçamento, haverá “uma crise política”.

A ameaça de crise política, considera o comentador da SIC, é um “disparate” e “uma loucura“. “Aquilo que o primeiro-ministro disse — ou há acordo ou há crise — não é dramatizar, é ameaçar, tentar fazer chantagem“, defende. “Não vamos ter crise política. Acho que isto tudo é teatro.” Do ponto de vista dos partidos, “só o Chega” ganharia com eleições antecipadas, afirmou.

Costa rejeita acordo com o PSD e chama partidos da “geringonça” para negociar sem “traçar linhas vermelhas”

Segundo o social-democrata, Costa mostrou-se “nervoso e crispado” nos últimos dias. “Foi um erro o primeiro-ministro ter comprado esta guerra com os médicos, a agressividade que teve”. E questiona por que razão não é pública a auditoria da Segurança Social sobre o lar de Reguengos de Monsaraz.