O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse esta segunda-feira que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral está a preparar planos para intervir no conflito em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

A nível da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], sim, a questão [da insegurança no norte de Moçambique] está a ser discutida extensivamente com base em briefings do próprio governo de Moçambique”, declarou Cyril Ramaphosa.

“O Presidente Nyusi é agora o presidente da nossa região SADC e estamos envolvidos através de várias outras estruturas da SADC para estarmos bem informados e ver até que ponto podem ser montados planos para lidar com o desafio de segurança que enfrentamos lá [em Cabo Delgado]”, adiantou.

O chefe de Estado sul-africano, que não especificou o tipo de intervenção da SADC, falava esta segunda-feira aos jornalistas no final de uma conferência de imprensa virtual sobre a mais recente vaga de mega corrupção no seio do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), do qual também é presidente, relacionada com o combate à pandemia da Covid-19 que já infetou mais de 650 mil pessoas e causou 14.028 mortos no país desde março.

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Ramaphosa convocou este fim de semana uma reunião especial de dois dias da direção do ANC, para tentar evitar um desafio à sua liderança por parte de fações rivais aliadas ao antigo chefe de Estado, Jacob Zuma, que se opõem às medidas de combate à corrupção e implementação de reformas económicas anunciadas desde que assumiu o poder em 2018.

A polícia sul-africana está a investigar o alegado envolvimento de sul-africanos no conflito armado no norte de Moçambique.

“A investigação sobre o envolvimento de sul-africanos na insurgência envolve a Interpol e as autoridades moçambicanas”, disse ao portal sul-africano TimesLive o porta-voz da unidade policial de investigação HAWKS (na sigla em inglês).

Segundo Lloyd Ramovha, “a investigação tem vários ramos, os detetives estão a examinar os fluxos financeiros transfronteiriços, a origem desses fundos e o envolvimento do crime organizado na captação de recursos”.

“Cerca de 100 sul-africanos podem estar a combater ao lado dos terroristas e a atividade do crime dentro de nossas fronteiras [África do Sul] está a ser usada para financiar esses esforços [da insurgência em Cabo Delgado]”, escreveu o jornal, citando fonte próxima à investigação policial sul-africana.