O secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, disse esta terça-feira que a estrutura poderá convocar uma greve de técnicos de saúde até ao final do mês, caso não seja recebida pela ministra do setor.

“Se ela [reunião] não acontecer até meados deste mês, a FESAP estará na disposição de promover uma greve no setor da saúde”, disse José Abraão aos jornalistas, em conferência de imprensa na sede da estrutura sindical, em Lisboa, referindo-se a um pedido de encontro com a ministra da Saúde, Marta Temido.

De acordo com o dirigente sindical da estrutura associada à UGT, os trabalhadores envolvidos na possível greve serão “técnicos superiores de diagnóstico, técnicos superiores, assistentes técnicos, assistentes operacionais, porque não é justo, não é aceitável, que com 20 e 30 anos de serviço ganhem o salário mínimo nacional”.

Pedimos uma reunião à senhora ministra da Saúde, continuamos à espera que ela se verifique. Percebemos as suas ocupações no que concerne àquilo que é o problema sanitário que temos”, referiu ainda o sindicalista.

José Abraão afirmou que “não faz sentido absolutamente nenhum” manter as condições remuneratórias destes trabalhadores, “quando paralelamente se faz o discurso de que somos todos heróis”.

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“Mais do que as palavras, são os atos: queremos este reconhecimento, queremos este problema resolvido”, disse o sindicalista, que lembrou, na sua referência à possível greve, a ação dos profissionais de diagnóstico e terapêutica nos Açores, que têm uma paralisação marcada para 9 de setembro.

Questionado sobre eventuais perceções que uma greve no setor da saúde em tempo de pandemia de Covid-19 poderia causar na opinião pública, José Abraão afirmou que os trabalhadores da Administração Pública representados pela FESAP são “responsáveis e conscientes”.

“Sabemos muito bem que é preciso, nos termos da lei, não só garantir serviços mínimos como escolher momentos e situações — seja para greves, protestos ou concentrações – que nos permitam nunca pôr em causa a prestação dos serviços aos cidadãos”, referiu o secretário-geral da FESAP, acrescentando que o objetivo dos protestos, ao longo do tempo, “nunca foi penalizar os cidadãos”.

José Abraão deixou a garantia de que “os serviços nunca deixarão de ser prestados”, afirmando que “há sempre muita forma de protestar e mostrar descontentamento, com a greve incluída”.