Os países que ainda não têm uma aplicação de rastreio à Covid-19 não vão precisar de investir muitos recursos na criação de uma. A Google e a Apple, que criaram a tecnologia por detrás de apps como a recém lançada em Portugal, anunciaram esta terça-feira que o sistema de rastreio vai passar a estar embutido no sistema operativo e que vão fazer apps para os governos, caso estes o peçam.

Em resposta ao Observador, a Google diz que este é “um próximo passo” da tecnologia que o INESC TEC e o Governo utilizaram para criar a app Stayaway Covid. Além disso, reiteram que, no caso de Portugal, nada muda com esta novidade. Contudo, caso Portugal não tivesse criado uma app que utiliza o Bluetooth Low Energy (BLE), a tecnologia da Google e da Apple que permite detetar se um telemóvel esteve em contacto com outro dispositivo de alguém infetado, as empresas davam uma.

Em comunicado, a Google e a Apple explicam que este novo sistema se chama “Notificações de Exposição Express”. Como explicam representantes das empresas, esta nova funcionalidade para os sistemas operativos vai “proporcionar uma implementação mais simples das Notificações de Exposição por parte das autoridades públicas de saúde — sem a necessidade de desenvolverem ou manterem a aplicação personalizada”.

Por outras palavras, se os países que não têm app de rastreio querem ter uma, avisam a Google e a Apple e em vez de terem só acesso ao BLE, podem ter um sistema completo.

Contudo, a funcionalidade diferencia entre as duas empresas. No caso da Google, um governo avisa a empresa e esta cria uma app “express” com o selo da tecnológica e do país. Já no caso da Apple, o governo avisa a empresa e, a partir da atualização 13.7 para o iOS, o sistema operativo dos iPhone, o software passa a estar embutido nas definições depois de “ser dado consentimento”. De qualquer forma, os governos continuarão a ter de criar um sistema de códigos para as pessoas infetadas poderem dizer com certeza ao sistema que estão infetadas.

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Mesmo assim, os países que optarem pelo sistema Express destas empresas podem, posteriormente, criar a sua própria app que inclua mais funcionalidades, caso pretendam. Até agora, apenas pouco mais de 20 países, incluindo Portugal, criaram os seus sistema baseados no software da Google e da Apple. Se fosse agora, a Apple e a Google tratariam da maior parte do processo que o INESC TEC desenvolveu, por exemplo.

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“Esta nova oferta foi projetada para ajudar as autoridades de saúde pública a disponibilizar aos residentes, de uma forma mais rápida e fácil, notificações sobre a potencial exposição à COVID-19 e a orientá-los tendo em conta as ações recomendadas de modo a que mais pessoas possam ter acesso às notificações de exposição, se assim o desejarem”, justicam a empresa. Mesmo assim, continua a haver uma promessa base: “A privacidade e a segurança continuam a ser essenciais no design do sistema”.

A Apple e a Google irão usar estas informações para oferecer [logótipo do governo e critérios para acionar uma notificação] um Sistema de Notificações de Exposição totalmente operacional em nome e sob o controlo das autoridades de saúde, quer para os utilizadores de iOS quer de Android”, explicam a Google e a Apple.

Os estados dos EUA de Maryland, Nevada, Virgínia e Washington, D.C. vão ser as primeiras autoridades de saúde pública a implementar este Sistema de Notificações Express, dizem as empresas. Para os outros países, a funcionalidade vai fazer parte das atualizações dos sistemas operativos móveis das empresas que vão ser lançados no final deste mês. Mesmo com esta nova funcionalidade que passa a ser parte dos softwares base, a Google e a Apple dizem que “vão continuar a oferecer total apoio” às aplicações que foram entretanto criadas.

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Portugal lançou na sexta-feira, depois de vários atrasos e quase de surpresa, a aplicação Stayaway Covid. Na terça-feira foi o lançamento oficial da app. Até agora, houve mais de 121 mil downloads. O sistema tem sido desenvolvido desde abril. Na mesma sexta-feira em que a aplicação ficou disponível em Portugal, o The Guardian revelou que a Apple e Google estavam a preparar-se para lançar uma “segunda fase” do sistema tecnológico de rastreio à Covid-19 que desenvolveram juntas (apesar de terem sistemas operativos concorrentes), que agora anunciaram.

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