O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou hoje o Governo britânico “incompetência em série” por ter recuado em várias medidas políticas durante a pandemia Covid-19.

“Este foi um verão perdido. O Governo deveria ter aproveitado para se preparar para o outono e inverno, mas em vez disso passou o tempo de crise em crise, de recuo em recuo. Corrigir um ou dois erros faria sentido, mas quando o Governo contabilizou 12 recuos até agora, a única conclusão é incompetência em série”, afirmou o líder do principal partido da oposição.

Em resposta durante o debate semanal na Câmara dos Comuns, o primeiro desde que o parlamento fechou para as férias do verão, Boris Johnson disse assumir “total responsabilidade sobre tudo o que aconteceu durante este Governo” ao longo do tempo que esteve em funções.  Porém, invocou o “sucesso” do Governo em “virar a maré desta pandemia, apesar da negatividade e constantes ataques da oposição”, apontando para a redução da mortalidade e do número de pessoas hospitalizadas com Covid-19 no Reino Unido.

O Governo britânico tem sido acusado de ter recuado sobre várias decisões, como mudar o sistema de avaliação dos exames dos alunos do secundário à ultima da hora, aceitando as notas dos professores em vez de aplicar um modelo informático desenvolvido durante vários meses, recomendar o uso de máscaras em espaços fechados, o que recusou durante várias semanas, e suspender o lançamento de uma aplicação informática para rastrear casos de infeção, cujo funcionamento considerou decisivo para o desconfinamento.

Antecipando o risco de um novo recuo, Keir Starmer desafiou o primeiro-ministro a prolongar o sistema de ‘lay-off’, que termina em outubro, para setores da economia que sofreram mais devido à pandemia, mas Boris Johnson recusou reiteradamente quando questionado sobre o assunto por outros deputados, incluindo o líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Ian Blackford.

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O sistema, argumentou o primeiro-ministro, já custou 40 mil milhões de libras (45 mil milhões de euros) e ajudou 11 milhões de trabalhadores a manter o posto de trabalho.  “Mas no fim de contas, deixa-os em animação suspensa e impede que voltem ao trabalho. O que queremos é que as pessoas voltem ao trabalho”, disse, invocando outras medidas lançadas pelo governo, nomeadamente um chamado “Kickstart” para ajudar jovens a encontra emprego.

Desde o início da pandemia Covid-19 foi confirmada a morte de 41.504 pessoas devido ao novo coronavírus, de acordo o balanço oficial do ministério da Saúde de terça-feira.

Porém, estatísticas oficiais de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte indicam que o balanço real já ultrapassou as 57 mil mortes, se forem contados os casos suspeitos, em que a Covid-19 é mencionada na certidão de óbito.

Apesar de um aumento do número de casos de infeção desde julho, a mortalidade continua em queda e o número de pacientes de Covid-19 hospitalizados também está em declínio, mantendo-se 764 internados, dos quais 60 com necessidade de ventilador.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.